Tombamento estadual em 27/08/1990
Processo INEPAC E-18/001.173/90

Rua XV de Novembro, 35 - Centro

A história do Theatro Municipal João Caetano confunde-se com a própria história do teatro brasileiro. As primeiras referências datam de 1827, quando, no antigo Caminho do Capitão-Mor, hoje Rua XV de Novembro, se instalou a primeira casa de espetáculos da Vila Real da Praia Grande, administrada pela Sociedade Dramática da Praia Grande.

Em seu palco, estreou, em 1833, a primeira companhia dramática nacional, formada por João Caetano. A casa pertencia a José Francisco de Furtado Mendonça que vendeu o imóvel, em 1834, a um dos fundadores da sociedade, Joaquim Antonio Correia Bacelar. Seis anos depois o prédio foi transferido ao grupo dramático Sociedade Philodramática de Nictheroy.

Em 1842, João Caetano adquiriu o imóvel e o transformou no Theatro Santa Tereza. Após rápida reforma, o teatro foi inaugurado em dezembro daquele mesmo ano. Em 1844, sob o comando do engenheiro Carlos Revière, o teatro sofreu novas reformas, sendo ampliado. Ganhou novo frontispício e varandas laterais, além do camarote de honra, destinado ao imperador D. Pedro II.

Após a morte de João Caetano, em 1863, o teatro entra em decadência e chega a ruir. O governo provincial contratou sua reconstrução sob a responsabilidade do maestro italiano, radicado em Niterói, Felício Tati. As obras iniciadas em 1878 se prolongaram até 1884, quando o teatro é inaugurado com grande público e a presença do Imperador. O pano de boca do novo Theatro Santa Thereza foi contratado ao jovem artista niteroiense Antônio Parreiras. No entanto, rumores de problemas estruturais no prédio acabaram por afastar o público, levando o teatro à falência.

Com dívidas e sem as benesses fiscais oferecidas décadas antes a João Caetano, em 12 de novembro de 1887, o teatro foi incorporado ao patrimônio da Província. Por ocasião da Revolta da Armada, em 1893, o teatro foi bastante danificado, ficando abandonado por alguns anos. Por iniciativa do vereador Manoel Benício, quando o governo provincial resolveu leiloá-lo, a Câmara Municipal de Niterói o arrematou. E, sob o comando do engenheiro Pedro Joaquim da Silva Fontes, o teatro sofreu uma generosa reforma, sendo mais uma vez inaugurado, a 1º de janeiro de 1897. Em 1900, a Câmara Municipal mudou seu nome para Theatro Municipal João Caetano.




Ao longo do século XX, o teatro sofreu sucessivas reformas que foram alterando-lhe a forma original, ora adaptando, ora desfigurando os espaços internos, conferindo-lhe características de diferentes épocas, embora a fachada tenha mantido as linhas arquitetônicas de um neoclassicismo tardio, proveniente das reformas de 1888 e 1889.

Após uma profunda restauração, que durou 5 anos, o teatro foi reinaugurado, em 1995. O projeto, coordenado pelo pintor e restaurador Cláudio Valério Teixeira, encarou o grande desafio que era respeitar os aspectos históricos do prédio e, ao mesmo tempo, dotá-lo de recursos técnicos contemporâneos. Assim, a filosofia adotada foi a de recuperar elementos importantes, manter intervenções que possuíam qualidade, e eliminar as que não respeitavam a dignidade arquitetônica do prédio.

Atualmente o conjunto do teatro é composto por três corpos edificados: o teatro propriamente dito, os anexos (camarim e operacional) e o prédio administrativo, antiga residência incorporada ao conjunto, a qual abriga a Sala Carlos Couto.

A Sala de Espetáculos, formada por palco, plateia e galerias guarda seus aspectos artísticos remanescentes do final do século XIX. Destacam-se as pinturas de Thomas Driendl, artista alemão contratado, em 1888, para fazer cenários, pano-de-boca e a decoração que teve como tema motivos florais ou de caráter alegóricos, além do conjunto de balcões policromados e demais ornatos que compõem sua decoração. Um novo pano-de-boca foi contratado ao artista e paisagista Roberto Burle Marx, encobrindo a moderna cortina corta-fogo.

O Salão Nobre teve sua pintura original resgatada. Três telas de autoria de Driendl compõem o forro deste salão, que tem as paredes dotadas de grandes espelhos e decoradas com técnica de pochoir.

Em 27 de agosto de 1990, o prédio foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - INEPAC - por meio do processo E-18/001.175/90.


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Publicado em 25/09/2013

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