Com lançamento agendado para o dia 5 de julho de 2004, o Livro de tem projeto gráfico de Ziraldo e textos de Zuenir Ventura
O olhar sociológico sobre mundo que registrava, fez o fotógrafo niteroiense Pedro Henrique Matos ganhar o apelido de "Antena da Raça" do jornalista Mino Carta, com quem trabalhou longo tempo como repórter fotográfico. Usando a sua fotografia para comunicar uma nova forma de ver o Brasil, com uma poesia e estética próprias, ele teve coragem de deixar as redações, no início dos anos 1980, e partir para a produção de obras autorais.
Morto em dezembro de 2003, aos 58 anos, vítima de um tumor no cérebro, Pedro Henrique não chegou a ver pronto seu último livro,
Rio Ponte Niterói (ed. Melhoramentos), que fez em homenagem aos trinta anos do monumento que o ligava à duas de suas paixões - a cidade onde nasceu e o Rio de Janeiro, onde morava -, mas deixou viva em suas obras a busca por uma nova forma de contar a história. Para isso, contou com parceiros renomados, como Ziraldo, Zélio, Zuenir Ventura, Ivo Pitangui, Washington Olivetto e Paulo Mendes Campos, entre outros, que colaboraram com o projeto gráfico, prefácios e textos dos livros 'Impressão do Brasil', 'Paratii', 'Um jeito de ver o Rio', 'Cidade de São Paulo' e 'Rio Ponte Niterói'.
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Nacionalmente conhecido, Pedro se destacou dos fotógrafos de sua época por ter tido a coragem de abrir mão da estabilidade profissional de quem já havia se consagrado no ramo do fotojornalismo após 16 anos dentro de uma das maiores editoras do País - para lançar voo na produção de obras autorais. Com uma fotografia poética, desbravando o Brasil e suas cidades, Pedro buscava registrar a história, impulsionado por uma curiosidade típica das crianças.
"Meu pai e eu éramos íntimos porque partilhávamos a mesma curiosidade pelas coisas do mundo. Tudo ele pesquisava. No seu livro, 'Cidade de São Paulo', descobriu uma cidade nova, poucas vezes vista, celebrando a natureza, os tons de dourado e prata e a beleza da arquitetura, na qual parecia conseguir ler, entre concretos e cinzas, a intenção de cada artista, como fez com o prédio Copan, de Niemeyer", conta Helena, filha do fotógrafo de apenas onze anos, mas que já mostra que herdou do pai a sede pelo conhecimento.
O livro é a consagração de um projeto e um presente para os apreciadores da arte fotográfica e para os admiradores da Ponte Rio Niterói, inaugurado em 4 de março de 1974, até hoje um marco de nossa engenharia. É o resultado de um encontro especial do fotógrafo Pedro Henrique, que captou poesia e vida neste monumento de concreto e aço, com o escritor e jornalista Zuenir Ventura, que traduziu em texto a expressão de leveza e suavidade extraída das imagens, tudo isso moldado harmonicamente pelo mestre Ziraldo, que concebeu o projeto gráfico.
Poesia concreta
Quando o fotógrafo Pedro Henrique Mattos recebeu a proposta da Concessionária Ponte S.A. para fazer um livro homenageando os 30 anos da Ponte Rio-Niterói, o convite foi encarado como um desafio. "Encontrar poesia numa construção de concreto, sinônima do estresse dos engarrafamentos, era um desafio e tanto. Mas o livro nos mostra a sensibilidade de Pedro", afirma a viúva dele, a jornalista Penha Rocha.
O escritor Zuenir Ventura conta que não poderia recusar o convite, feito por Pedro Henrique e Ziraldo, para que fizesse o texto da obra. "O trabalho com Pedro me deu muito prazer. Suas fotografias são de uma sensibilidade ímpar. Quando nos reunimos na casa de Ziraldo pela primeira vez e vi as fotos, eu disse: estou dentro. Mas acho que meu texto vai dizer muito pouco perto da beleza das fotos", conta ele, que enxergou amor na relação de Pedro Henrique com a ponte. " Ele viu como ela adormece e acorda, admirou-a em posições indiscretas, visitou-a na solidão das madrugadas ou no burburinho do amanhecer", diz no texto que fez para o livro."
A filha do fotógrafo, Helena, participou ativamente da criação livro e acompanhou o pai em suas aventuras. "Meu pai tinha muita tranquilidade ao fotografar. Íamos cedinho para a baía, com um barquinho e um pacote de biscoitos. Passávamos a manhã olhando a ponte e ele esperaria o tempo que fosse para fotografar a gaivota exatamente onde ele queria que ela passasse", lembra.
Ao som de um grupo de jazz, uma das paixões de Pedro Henrique, o lançamento do livro, que será autografado por Helena, a quem Pedro Henrique dedicou a obra, por Zuenir Ventura, e pelo jornalista Zélio Alves Pinto, parceiro de Pedro Henrique em outros trabalhos e que virá representando o irmão Ziraldo, impossibilitado de vir por motivos de saúde, será realizado nesta segunda-feira, dia 5 de julho, às 19 horas, na Sala Carlos Couto, no Teatro Municipal de Niterói (Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói). Informações adicionais pelo telefone 2620-1624. Entrada Gratuita.
Entre os presentes, o secretário municipal de Cultura, Marcos Gomes, que elogiou o trabalho de Pedro Henrique. Também confirmaram presença, a secretária municipal de Planejamento, Juliana Carneiro, o presidente da Neltur, Pedro Maciel, e José Braz Cioffi, presidente da concessionária Ponte S.A. - empresa que apoiou a publicação do livro.
Dez mil operários participaram da construção
A ideia de se ligar Rio a Niterói, pela Baía de Guanabara, surgiu em 1875. Sete anos depois, o então presidente da Província, Gavião Peixoto, considerou "ponto de honra" de sua administração a construção da ponte. O projeto foi rejeitado pelo Legislativo que o apelidou de "A ponte do impossível." Entre os argumentos para a rejeição, o pouco movimento de "pessoas, animais e carruagens."
Durante anos, discutiu-se se a melhor opção seria uma ponte ou um túnel. Em 1965, um grupo de trabalho decidiu pela ponte como melhor alternativa. Pensou-se em ligar o Calabouço ao Gragoatá; ou a praça XV à Avenida Feliciano Sodré. Outra ideia seria ligar o Forte de São João com a Fortaleza de Santa Cruz. Somente em 1967, decidiu-se pela ligação da ponta do bairro do Caju, no Rio, com a Avenida Feliciano Sodré, em Niterói.
O custo inicial foi estimado em 41 milhões de dólares, dos quais 31 milhões foram financiados por bancos ingleses. O contrato foi assinado em 1968, com a participação da rainha Elizabeth II.
A construção durou cinco anos e três meses, de janeiro de 1969 a março de 1974. Com 13 quilômetros de extensão e 103 pilares de sustentação, a Ponte Presidente Costa e Silva é a maior do país. Foi construída por dez mil operários. Desde sua inauguração, 1,1 bilhão de veículos já passaram pela ponte. Diariamente, passam 100 mil carros pelo local.
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