O grande desafio do projeto de restauração do Theatro Municipal João Caetano em Niterói era modernizar o antigo teatro, respeitando seus aspectos históricos. A primeira notícia que se tem data de 1827. Em 1833, estréia a Companhia Dramática Nacional, fundada por João Caetano, fato que é considerado pelos historiadores o marco inicial do Teatro Brasileiro. Após a reforma de 1842, foi inaugurado com o nome de Teatro Santa Thereza.

A configuração singela do chamado Theatro de Província foi mantida na forma de "ferradura" e nos diferentes balcões ladeados por suas frisas e camarotes. Sua história e sua utilização lhe proporcionaram uma decoração mais aprimorada no final do século passado. O simples galpão, que nasceu do ideal de João Caetano, foi sendo enriquecido por suas apresentações dramáticas e por suas ornamentações interiores florais, evocativas do estilo campestre.

Sucessivas obras de reformas não criteriosas foram alternando a forma original do teatro, adaptando espaços, nem sempre compatíveis com suas funcões e desfigurando seus núcleos históricos. Consequentemente nasceu um prédio com características e intervenções de diferentes épocas. Voltar a origem pura e simplesmente, seria anular parte importante de sua história.

Detalhe Balcão – Foto: Paulo Ferry


Como diz Carlo Ceschi: "Nós, arquitetos que nos ocupamos com os monumentos históricos aprendemos a ler esta história nas estruturas dos edifícios, nos seus ornamentos, nas transformações, nas estratificações e na sobreposição das intervenções…".

Por isso, a filosofia adotada na restauração do Theatro Municipal de Niterói foi a de não apagar as marcas dessas diferentes intervenções realizadas em diferentes épocas. Obviamente, havia intervenções de boa qualidade (especialmente as decorativas) e outras que não respeitavam seu caráter estilístico, nem seu aspecto funcional. Nesse ponto destacam-se o núcleo da sala de espetáculos, com as pinturas de Thomaz Driendl, o conjunto de balcões policromados e demais ornamentos e o Salão Nobre também com sua decoração interior. Foram realizadas prospecções nos componentes arquitetônicos e decorativos que mostraram a configuração anterior de um teatro com elementos mais simples nas galerias, formada apenas por uma sequência de balaústres torneados.

Outra preocupação do projeto de restauração foi o de compatibilizar as novas exigências técnicas de um teatro moderno aos seus aspectos estéticos e históricos, que remetem ao final do século passado. Decidiu-se não escamotear novos equipamentos que seriam integrados a seu corpo histórico. Exemplo disso são os dutos de ar-condicionado que, aparentes, não descaracterizam ou deformam esteticamente o conjunto histórico da Sala de Espetáculos, sublinhando claramente que se trata de uma intervenção atual e funcional. Segundo a moderna concepção de restauro, entendido como um processo crítico e um ato criativo, o antigo e o moderno podem e devem coexistir.




Pano de Boca










Publicado em 10/06/2013

Programa Aprendiz homenageia Paulinho da Viola no Theatro Municipal Quinta a domingo, 21 a 23 de novembro
Paulo Portela lança livro sobre o racismo na Sala Carlos Couto Terça-feira, 26 de novembro
Sala Carlos Couto expõe estudos de Burle Max para Pano de Boca do Municipal De 11 de novembro a 20 de dezembro
Lenda 'Itapuca' no palco do Teatro Municipal João Caetano Leia mais ...
Com fotos de Magno Mesquita, Niterói é tema de mostra na Carlos Couto Leia mais ...
Magno Mesquita realiza Ponte Artística com Portugal Leia mais ...
Ópera de Verdi é levada à cena no Theatro Santa Thereza Leia mais ...
Theatro Santa Thereza leva à cena o drama 'Virtude e Vício' Leia mais ...
A necessária reforma do Theatro João Caetano em 1903 Leia mais ...