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O projeto Telas Solares, uma parceria entre o Núcleo de Produção Digital de Niterói (NPD) e a Niterói Filmes, traz para o Solar do Jambeiro uma exibição seguida de debate do filme "O Profeta da Fome", de Maurice Capovilla, na quarta-feira, 15 de julho, às 19h, em mais uma edição do Cine Nikiti. O longa-metragem faz uma reflexão sobre a crueldade humana e o desenrolar da vida diante da espetacularização. A sessão tem entrada gratuita.
O filme faz parte da "Mostra do Filme Livre" de 2015 e será exibido com exclusividade em Niterói pelo Cine Nikiti. Antes de "O Profeta da Fome, será exibido o curta-metragem "Olhos de Botão", de Marlon Meirelles. O NPD concederá certificado de horas de atividade complementar para os estudantes que comparecerem ao evento.
O Profeta da Fome
Clássico do Cinema Marginal brasileiro de 1970, realizado por Mauricio Capovilla e estrelado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão e Maurício do Valle, "O Profeta da Fome" costuma ser apontado como um dos últimos representantes do Cinema Novo. Essas disparidades quanto ao seu posicionamento no quadro do cinema nacional da época refletem o quanto o filme é rico e amplo de referências cinematográficas. Para nos transportar ao universo da história, Capovilla optou por uma estrutura bastante rígida, claramente dividida em três partes - que se desdobram em um prólogo e dez capítulos.
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"O Profeta da Fome" é uma fábula que revive um mundo que se acaba, o mundo do circo. Uma comédia e um drama, uma farsa e uma realidade, como se estivéssemos num picadeiro, onde o palhaço que faz rir, chora por dentro. Nesse filme, o espetáculo é a vida se desenrolando, com alegrias e tristezas, sem passes de mágica ou arriscados saltos mortais.
O roteiro se passa no pequeno circo de Don José, onde Alikan é quem realiza os mais arriscados e sensacionais números. Ele marcha descalço sobre cacos de vidro, se fura com punhais, come fogo e estanho derretido. Mas o circo vai mal. Os artistas desesperados comem os animais amestrados. Num último recurso, inventam um número arrepiante, o Faquir Alikan vai comer gente. E o público em massa comparece para ver o Homem que Come Gente. No entanto, o circo pega fogo e Alikan foge com sua mulher, abrindo caminho para novas descobertas sobre si mesmo e a humanidade.
O filme de Capovilla gira em torno da dicotomia pão e circo. O sangue humano, a crueza expressiva e a ridicularização das crenças místico-religiosas da população dialogam com a filmografia do terror brasileiro, em muito influenciada por Mojica. "O Profeta da Fome" representou o Brasil no Festival de Berlim em 1970, mas quase sempre permaneceu por aqui como um filme invisível.
Maurice Capovilla
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Maurice Capovilla, o ?Capô? (como é chamado pelos amigos), possui uma ampla trajetória na defesa de um cinema de expressão livre, atuando não só na realização para cinema e televisão, mas também como crítico, jornalista e professor. Como realizador, iniciou no documentário, influenciado pelo argentino Fernando Birri e a Escola de Santa Fé. Realizou filmes como "Subterrâneos do Futebol", um dos marcos do cinema no país. Na TV, participou dos programas Globo Shell e Globo Repórter e, como professor, possui importante experiência no gerenciamento de cursos audiovisuais, como no Instituto Dragão do Mar, em Fortaleza, e no Acre. Em 2003, retorna ao longa-metragem de ficção, com "Harmada". Em 2015, finalizou "Nervos de Aço", um filme sobre Lupcínio Rodrigues.
Serviço
Cinema Nikiti – Projeto Telas Solares
Filme "O Profeta da Fome"
Data: Quarta-feira, 15 de julho de 2015
Horário: 19h
Entrada gratuita
Classificação etária: livre
Local: Solar do Jambeiro
Endereço: Rua Presidente Domiciano, 195 – Boa Viagem
Telefone: (21) 2109-2222 | (21) 2109-2223
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