1872

O comerciante português Bento Joaquim Alves Pereira conclui a construção do Solar, situado à rua dos Banhos nº 2 [hoje: rua Presidente Domiciano, nº 195].

1887

O pintor niteroiense Antônio Parreiras, que viveu por 7 anos no Solar, realiza em maio uma exposição individual de pinturas, apresentando um total de 25 quadros.

1892

13 de dezembro: formalização da venda do Solar - cujo endereço era então: rua Presidente Domiciano nº 2 -, tendo como vendedor seu construtor, Bento Joaquim Alves Pereira, e como comprador, o diplomata e industrial dinamarquês Georg Christian Bartholdy (1857-1929), casado com Celina Olga Sauewn (1868-1950). O preço da transação foi de 50 contos de réis.

1904

Recital do maestro, compositor e pianista americano Ernest Henry Schelling (1876-1939), menino-prodígio que entrou na Academia de Música da Filadélfia aos 4 anos de idade, tendo sido admitido depois no Conservatório de Paris aos 7 anos. Na década de 1920, ele notabilizou-se como o primeiro maestro dos Young People’s Concert, da Filarmônica de Nova York.

1906

Exposição individual do pintor português José Maria Malhoa, grande amigo do Brasil, que residiu na cidade do Rio de Janeiro, entre os anos de 1875 e 1879. Assim como viria a ocorrer depois com Antônio Parreiras (em 1942), José Malhoa foi o primeiro artista de seu país a ser homenageado com um museu inteiramente consagrado à sua obra, em 1934, em Caldas da Rainha.

Em sua exposição no Solar, Malhoa apresentou um total de 112 quadros, vendendo 52 deles, um dos quais, As Cócegas, para o Museu da Escola de Belas Artes. Conforme relatou em carta ao amigo Antônio Parreiras, datada de 10 de setembro de 1906, de Figueró dos Vinhos: "A exposição foi extraordinariamente concorrida: no primeiro domingo que esteve aberta, entraram 4.800 pessoas, no segundo domingo, 5.300 e tantas! Todos foram concordes em que não esperavam tal!"

1907

Exposição individual do pintor paulista radicado em Niterói, Roberto Rowley Mendes (1863-1942), consagrado como um dos mestres brasileiros da pintura paisagística, foi contemplado neste mesmo ano de 1907, com a Medalha de Prata da Exposição Geral das Belas Artes. Estudou na Academia Imperial de Belas Artes durante o ano de 1888, tendo se aperfeiçoado depois em Paris com os pintores François Louis Français e Henri Lucien Doucet.

1911-1914

28 de junho: a propriedade foi alugada (por 400 mil réis mensais) ao Instituto Santa Dorothéa, das Irmãs Dorothéas, que nele instalaram o Colégio da Sagrada Família pelo período da vigência do contrato: 30 de julho de 1911 a 30 de junho de 1914. A Congregação das Irmãs de Santa Dorotéia, de origem italiana, está presente no Brasil desde 1866, tendo começado a atuar na então Província do Rio de Janeiro (em Nova Friburgo), em 1883.

# O aluguel se justitifica pelo fato de que a família residiu durante certo tempo no exterior, tendo Georg Christian Bartholdy, inclusive, exercido a função de viceconsul do Brasil na capital dinamarquesa, Copenhagen, no período compreendido entre os anos de 1912 e 1918.

1920

Obras de reforma do Solar, para adequá-lo ao uso exclusivo da família Bartholdy, com instalação de luz elétrica, água e esgoto, assim como a divisão interna para aumentar o número de quartos e a criação de um banheiro no segundo andar. Nesta ocasião são instalados os lavatórios de louça inglesa na sala de jantar o térreo, assim como as bíforas delimitando o hall de entrada e a sala de visitas, à direita, e o vestíbulo, à esquerda.

Após a instalação definitiva da família, a residência passou a ser conhecida como Palacete Bartholdy, recebendo a atual denominação de Solar do Jambeiro após sua integração à Secretaria Municipal de Cultura de Niterói.

1941

20 de novembro: ampliação da área da propriedade, com a aquisição da parte dos fundos do terreno situado à rua Presidente Domiciano nº 145, pertencente à Sra. Maria Augusta Nogueira Faleiros. A área total da propriedade passa a ser então de 8.633 metros quadrados.

1929

19 de novembro: falece Georg Christian Bartholdy.

1950

# Falecimento de Olga Celina Bartholdy.

14 de novembro: é lavrado o formal de partilha transferindo a propriedade do Solar às filhas de Dona Olga, Vera Fabiana Gad e Wanda Olga Bartholdy.

1969

A de 2.478 metros quadrados - que havia sido incorporada em 1941 - foi desmembrada em favor de Pedro Christian Bartholdy, que a vendeu em seguida. A área total da propriedade passou a ser então de 6.155 metros quadrados.

1971

Lúcia Piza Figueira de Mello Falkenberg (1925-1997), esposa do herdeiro do Solar, Hugo Einer Georg Egon Falkenberg (1914-1993), solicita o tombamento da propriedade ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com a anuência de sua sogra, Vera Fabiana Gad, proprietária da casa. Dona Lúcia tinha uma ligação estreita com as questões de preservação, tendo sido fundadora e primeira presidente (no período de 1968-1972) do Condephat (Conselho da Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico) de São Paulo.

1974

25 de abril: o Palacete Bartholdy é finalmente tombado pelo Iphan, graças a um parecer do renomado arquiteto Augusto Carlos da Silva Telles, em que ele declara: "Realmente, a casa da rua Presidente Domiciano apresenta-se como exemplar excepcional entre as edificações residenciais urbanas da segunda metade do século XIX", afirmando ainda que a intenção de tombamento precedia ao pedido realizado pela família, recuando aos primeiros tempos do Iphan [então Sphan], sob a direção de Rodrigo Mello Franco de Andrade.

1975

Com a morte de Vera Fabiana Gad, seu filho Hugo Einer Georg Egon Falkenberg herda o palacete.

1984

8 de agosto: o célebre sociólogo Gilberto Freyre visitou a residência e deixou anotado em seu livro de ouro, o seguinte comentário: "Este Solar, que seus admiráveis proprietários vem conservando com grande carinho, é um desafio a todos os brasileiros de hoje, pois não pertence ao Estado do Rio de Janeiro e sim ao Brasil, sensível às belezas de seu passado, sob a forma das casas-grandes maternalmente brasileiras".

1987

1º de outubro: o casal Lúcia e Egon Falkenberg criam a Jambeiro Promoções Culturais Ltda., cujo contrato rezava: "A Sociedade tem por objetivo a promoção e realização, direta ou através de contratos com terceiros, de atividades sócio-culturais e artísticas, em convênio ou não com entidades e instituições sócio-culturais e artísticas brasileiras e estrangeiras". Na prática, esse foi o primeiro passo em direção à transformação do Palacete Bartholdy num centro cultural.

# Exposição de quadros de Antônio Parreiras, em referência à primeira individual sua, realizada no palacete, cem anos antes.

1988

5 de dezembro: o Palacete Bartholdy e todos seus móveis, quadros e objetos de decoração, é posto à venda em leilão realizado pelo leiloeiro Paulo Brahme. Esperava-se que a casa atingisse a cifra de um bilhão de cruzados, mas como os maiores lances ficaram na metade deste valor, a propriedade foi retirada da venda, inclusive porque era desejo de sua proprietária que o novo dono desse continuidade ao trabalho de conservação iniciado por ela.

Ao todo foram leiloados 174 lotes, entre os quais um roupeiro de carvalho dinamarquês de 1650, relógios antigos, diversos lustres de cristal, estátuas de mármore e quadros de Antônio Parreiras (1860-1937), A. Lindley, Duchemin, Enrico Bianco (nascido em 1918), Manoel Santiago (1897-1987), Navarro da Costa (1883-1931) e Sylvio Pinto (1918-1997).

1993

16 de setembro: falecimento de Hugo Einer Georg Egon Falkenberg, proprietário do palacete.

1997

Falecimento de Lúcia Piza Figueira de Mello Falkenberg, proprietária do Palacete Bartholdy desde a morte de seu marido, ocorrida três anos antes.

12 de agosto: desapropriação da residência pelo Decreto 7611/97 do prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, cujo Artigo 2º esclarecia: "O imóvel declarado de utilidade pública se destina a utilização de serviços públicos, inclusive culturais e preservação de bem tombado pelo Patrimônio Histórico, e a desapropriação dar-se-à pelo preço de R$ 521.075,45, apurado em procedimento administrativo".

1998/2001

Restauração completa do Palacete Bartholdy pelo Núcleo de Restauração de Bens Culturais de Niterói, em consonância com as propostas metodológicas de restauro aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A coordenação geral coube a Claudio Valério Teixeira e a supervisão de projetos e obras de restauração a Maria Regina Potin de Mattos, tendo como engenheira responsável, Lígia Maria Azeredo Cabral da Silva, e arquitetas responsáveis, Cristiane Suzuki e Fernanda Couto Teixeira. A restauração da azulejaria e das telhas de louça foi coordenada por Elizabeth Martelletti Grillo Pereira.

2001

22 de novembro: inauguração do Solar do Jambeiro, unidade da Secretaria Municipal de Cultura de Niterói, vinculada à Fundação de Arte de Niterói.







Publicado em 10/06/2013