(Memória, 02 de fevereiro de 1994)

Retrato típico de uma época de luxo e extravagância, mostrando um período em que predominavam as turbulências da transição do regime monárquico para o republicano, o secular Solar do Jambeiro , localizado em uma área de 8.000 metros quadrados em São Domingos, Niterói, está sendo atacado por cupins. Parte do forro dos salões mais nobres - Rosa e o Antonio Parreiras - desabou, danificando inclusive os lustres de cristal. O secretário municipal de Cultura e presidente do Conselho de Proteção do Patrimônio, Ítalo Campofiorito, fará uma visita ainda esta semana ao solar, para verificar a situação.

Segundo Silvana Félix da Conceição, uma das responsáveis pela administração do Solar do Jambeiro, há um mês uma poeira granulada começou a cair do teto do Salão Antonio Parreiras, no pavimento superior. Logo em seguida o teto despencou parcialmente. Com o peso, o mesmo acabou acontecendo com o forro do Salão Rosa, no andar térreo. Nos dois casos, além de danos nos lustres, parte do trabalho artístico em gesso também caiu. A proprietária do imóvel Lúcia Falkenberg, residente em São Paulo, já foi comunicada. O Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural (IBPC), antigo Sphan, que tombou o patrimônio em 1972, também foi notificado.

O secretário lembrou que, embora seja tombado pelo órgão federal, o Solar do Jambeiro é um patrimônio particular, não sendo, por isso, de competência da Prefeitura de Niterói a sua restauração. Segundo ele, a isenção do IPTU é tudo o que a Prefeitura pode fazer para colaborar com os proprietários no aspecto manutenção.

Como secretário de Cultura e membro do IBPC me interesso pelo Solar, que pode ser considerado o melhor exemplo de arquitetura do Brasil, mas, infelizmente, pouco ou quase nada podemos fazer, já que é um patrimônio de vocação privada, servindo, ultimamente, de cenário para festas reservadas. "Se a Prefeitura vier a fazer algo, certamente terá de haver uma contrapartida. Neste caso, o correto seria a socialização do acesso ao casario", enfatizou o secretário.

Cenário para as minisséries "Lucíola", "Primo Basílio" e "Menino de Engenho", o Solar do Jambeiro - um casarão com 20 cômodos, quadros, lustres franceses, tapetes, candelabros e outros objetos das mais diferentes procedências - tem uma programação restrita.

A visitação para grupos de, no máximo, 20 pessoas é marcada com antecedência. A riqueza de detalhes incluiu a propriedade no catálogo "Casas nobres de Portugal", citado como o exemplar mais representativo da arquitetura urbana portuguesa do século XIX que ainda conserva as características da construção original.


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Publicado em 04/05/2021

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