Memória, 01 de novembro de 1987)
O espaço apresenta um mostra com os quadros do pointor Antonio Parreiras
Numa rua de trânsito intenso - rua Presidente Domiciano, no Bairro de São Domingos em Niterói - a tranquilidade reina numa mansão de 8 mil metros quadrados, construída em 1872. É o Solar do Jambeiro residência do casal Hugo Einer Georg Egon Falkenberg e Lúcia Falkenberg, descendentes diretos do diplomata dinamarquês George Christian Bartholdy, que em 1892 comprou o Solar para residir com a família.
Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional há 13 anos, o centenário solar que foi erguido por um português de bom gosto, Bento Joaquim Alves Pereira, que estranhamente nunca o habitou, foi residência do médico Júlio de Magalhães Calvet e lá, o pintor Antonio Parreiras expôs pela primeira vez. No solar de 20 cômodos, quatro amplos salões decorados com requinte, misturam-se objetos de arte de vários países. Convivem com elegância, os telhões e os azulejos portugueses e mais outros objetos de arte ingleses, dinamarqueses, franceses, espanhóis, portugueses e brasileiros.
Predomina, sobretudo, na amplitude dos quartos e salões e nas amplas varandas frescas e acolhedoras, o estilo colonial brasileiro. No solar também é preservado o mesmo ritmo de vida do início do século, quando a família Bartholdy, depois de alugá-lo algumas vezes, resolveu nele se instalar. Isso ocorreu em 1916. Assim, o tanque de pedra esnoba a máquina de lavar roupa, ferros de engomar antigos desconhecem os de eletricidade e nenhuma janela apresenta-se estufada com os monstrengos ar condicionados. Desnecessários. Em todos os ambientes aragem circula fresca, vinda das frondosas árvores que circundam o casarão. Entre elas, imponente com seus longos galhos e frutos vermelhos o centenário pé de jambo com placa comemorativa.
Vindo de São Paulo onde morava, o casal Egon e Lúcia Falkenberg mora no Solar há 5 anos. Os quatro filhos e sete netos continuam residindo em São Paulo, mas aqui vêm todos os anos em férias. Há um ano e meio, Lúcia fundou o Colégio Fluminense de Cultura e Patrimônio Pró-Niterói, entidade sem fins lucrativos, com o intuito de promover eventos culturais e artísticos.
No momento, sob o patrocínio do Moinho Fluminense, comemorando 100 anos de atividade, acontece a exposição de 100 quadros do pintor Antônio Parreiras que - justamente há 100 anos fazia no Solar sua primeira individual. Na exposição, muito bem organizada, viaja-se pelo tempo nas telas do pintor. Ele soube retratar o bucolismo do Rio e Niterói de seu tempo de horas longas e inspiração sobrando. Entre as obras expostas um quadro raro. No outro lado da Baía de Guanabara, o Rio de Janeiro, estão o Pão de Açúcar e o Corcovado, o primeiro sem o bondinho, o segundo, sem o Cristo Redentor.
Por Bernardete Cavalcanti para o Jornal do Commercio
Nota:
O pintor Antonio Parreiras já havia realizado exposições individuais antes desta citada de 1887, na Casa da rua Presidente Domiciano, onde morou até partir para sua temporada na Itália. A primeira mostra do pintor foi realizada em 1883, na casa da rua Santa Rosa, onde morava com sua mãe.
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