Tombamento municipal em 30/12/1992
Processo 10/2630/91 - Decreto 6538/92
Alameda São Boaventura, 41 - Fonseca
A edificação, que apresenta características de casa suburbana do começo do século XX. foi construída pelo saquaremense mestre de obras José Mariano de Oliveira, em 1911 para Alberto de Oliveira, pai do poeta Francisco José de Oliveira Vianna. Adquirida em 1955 pelo Governo do Estado, a casa foi transformada em fundação um ano depois, como sonhava seu dono ainda em vida.
Implantada em centro de terreno, possui grande recuo, no qual se localiza o jardim e o chafariz. Ao fundo, se encontram árvores frutíferas e um quiosque. De inspiração romântica, a casa apresenta porte médio, com um único pavimento sobre porão alto e planta em forma de “T”. Possui platibanda com uma singela ornamentação centralizada. A fachada do corpo lateral apresenta uma varanda em “L” com guarda-corpo em ferro fundido, por onde se faz o acesso à casa. Cada fachada lateral possui quatro janelas, dispostas assimetricamente e de mesmo material e composição da fachada principal.
No interior manteve-se a estrutura deixada por Oliveira Vianna: aposentos, móveis, objetos, livros, instrumentos de trabalho e objetos pessoais, destacando-se a biblioteca.
Acervo
A Casa Oliveira Viana reúne a documentação e os objetos pessoais de Francisco José de Oliveira Vianna. O acervo inclui mobiliário, louças, cristais, quadros, biblioteca e arquivo pessoal.
Logo após a morte de Oliveira Viana, ocorrida em 28 de março de 1951, seus alunos iniciaram movimento pela criação da Casa ou Fundação Oliveira Viana. Dois deles, os Srs. Dayl de Almeida e Vasconcelos Torres, exerciam na época o mandato de deputado estadual, dando os primeiros passos para a sanção da Lei nº 2.488 de 30 de junho de 1955, que autorizava o governador (Miguel Couto) a adquirir o prédio em que residira o sociólogo, "providência que permitirá a conservação de sua valiosa e especializada biblioteca". A mesma lei previa a transformação do imóvel em um "centro de estudos superiores" diretamente subordinado à Secretaria da Educação. Graças a essa providência, tudo quanto Oliveira Viana deixou foi mantido.
Em 9 abril de 1975 (Decreto Lei nº 60, veio a integrar a Fundação Estadual de Museus do Rio de Janeiro, recebendo o nome de Casa de Oliveira Vianna. Mais adiante, em abril de 1980, passou a pertencer à Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado Do Rio de Janeiro (FUNARJ), sendo tombada pelo Patrimônio Histórico da Prefeitura de Niterói em 31 de dezembro de 1992.
Oliveira Vianna deixou um grande legado: 16 obras publicadas, um acervo bibliográfico composto por aproximadamente 8.347 exemplares inventariados – relativos aos campos de conhecimento da Sociologia, da Antropologia, da História e do Direito –, sendo, 4.944 exemplares de livros, 3.403 avulsos e fascículos de periódicos; e um acervo documental composto por 2.173 correspondências, 278 fotos, 126 artigos de jornal inventariados e mais anotações pessoais, pareceres jurídicos, artigos de jornais escritos e colecionados por Oliveira Vianna, documentos pessoais, mapas e plantas num total aproximado de 20 mil itens.
O Espaço
Na antiga sala de visitas, funciona a Secretaria administrativa. Ao lado, o quarto do escritor ainda conserva as características e os hábitos de sua vida: as botas, as gravatas, os livros religiosos, a estante de estilo colonial, as cadeiras de balanço, o guarda-roupas e uma enorme mala com o fardão da Academia. Na sala, foram guardadas as pratarias e cristais, o binóculo e objetos de uso pessoal.
Na sala maior, o cofre, os livros, a escrivaninha e a máquina de escrever, com estojo preto tendo ao lado a capa de camurça que o substituía. Nas paredes os retratos da família. Em um dos cantos da sala, uma estátua que ganhou como prêmio na França, apresenta os dizeres: "Esclavo sur le sol ou l'etreint la matiere son espirit dans la nuit va chercher la lumière".
Em março de 1979, a Casa Foi reinaugurada após uma longa reforma com um custo de Cr$ 4 milhões. A Casa teve restaurado seu mobiliário, telhado, forro, sistema elétrico e hidráulico e ampliadas suas instalações, com a coonstrução de um chafariz e playground, na parte externa. Os livros do acervo, que temporariamente foram transferidos para o Museu Antonio Parreiras, foram recuperados e catalogados.
Depois de 10 anos fechado, em 28 de julho de 2023 a Casa de Oliveira Vianna foi reaberta ao público em uma bela cerimônia com a presença de autoridades, profissionais da área e sociedade civil.
Oliveira Viana
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Imagem das Redes Sociais da Casa Oliveira Viana |
Filho do coronel Francisco José de Oliveira Viana e Balbina Rosa de Azevedo, Francisco José de Oliveira Viana nasceu em 20 de junho de 1883 em Saquarema, Município fluminense.
Primeiro sociólogo sistemático do Brasil, foi responsável por boa parte da sistematização das Ciências Sociais brasileiras. Foi chamado por Assis Chateaubriand de "obra-prima de nossa cultura sociológica".
Em 1900, Oliveira Viana concluiu seus estudos no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e cinco anos depois, em 1905 se formou em direito pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro.
Foi professor de Direito, especializou-se e foi autoridade em Direito Trabalhista, vindo a tornar-se o Inspirador doutrinário de Direito Trabalhista Brasileiro, ao mesmo tempo em que se constituiu num dos mais importantes pensadores do Pais na época.
Em 1924 se tornou membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e em 1937 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Foi convidado por Getúlio Vargas para o Supremo Tribunal Federal, mas rejeitou. Fez parte da Comissão Especial encarregada da revisão da Constituição de 1933.
Sua obra inclui: "Populações Meridionais do Brasil", "O Acaso do Império", "O Idealismo da Constituição", "Problemas da Política Objetiva", "Raça e Assimilação", "Problemas de Organização e Problemas de Direção", "Problemas do Direito Sindical" e outros, além de inúmeras conferências e artigos em jornal e publicações especializadas.
Afirmando-se desde cedo com a publicação em 1920 de Populações Meridionais do Brasil, o sociólogo fluminense colaborou intensamente com a ditadura de Getúlio Vargas. Sua obra é objeto de estudos numerosos entre pesquisadores atuais e, pela sua extensão reserva ainda um vastíssimo campo de investigação. O que inevitavelmente contribuirá para uma melhor compreensão do Brasil atual.
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