O Plano Diretor de Niterói (Lei 1157/92) criou as três primeiras Áreas de Preservação do Ambiente Urbano (Centro, São Domingos – Gragoatá - Boa Viagem e Ponta d’Areia) e indicou para criação futura as Áreas da Igreja de São Lourenço dos Índios e do Ponto Cem Réis. As primeiras foram regulamentadas em 1995 pela Lei 1451 e a listagem dos imóveis de preservação foi definida no mesmo ano, através da Lei 1446, sendo ambas as leis revogadas e substituídas pela Lei 1967 de 2002 que dispõe sobre o Plano Urbanístico da Região das Praias da Baía. Em 2005, o Plano Urbanístico da Região Norte (Lei 2233) criou e regulamentou a quarta APAU (São Lourenço), bem como listou os imóveis de preservação. Como mencionamos, cada APAU configura um lugar específico com suas singularidades físicas e vivenciais. Apresentamos a seguir um breve histórico e caracterização de cada uma delas.

CENTRO

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Em 1817, Niterói foi elevada à categoria de Vila, e apesar de São Domingos ser escolhido para sua sede, esta foi transferida para a Praia Grande. Ainda no início do século XIX, foi traçado um plano urbanístico para a área que viria a se tornar o atual Centro de Niterói. Este plano previa a construção de cinco ruas paralelas ao mar e oito perpendiculares, que cruzavam em ângulo reto com várias praças. Quando a Cidade do Rio de Janeiro foi transformada em sede do Governo Imperial, em 1834, tornou-se necessário escolher o local para instalar o Governo Provincial. Assim, a Vila Real da Praia Grande foi elevada à categoria de Cidade de Nictheroy e passou a ser a capital da Província do Rio de Janeiro. A partir de então, a importância político-administrativa atribuída ao local provocou novo impulso para a cidade, com a multiplicação das edificações públicas, comerciais, residenciais e também com a abertura de novas ruas.

O Centro, atualmente, limita-se com os bairros de São Lourenço, Ponta d'Areia, Fátima, Morro do Estado, Ingá, São Domingos e Icaraí. É banhado em parte pelas águas da Baía de Guanabara. A volumetria das edificações no bairro não é homogênea, em algumas ruas há predominância da forma vertical, em outras [areas prevalece a ocupação horizontal dos conjuntos mais antigos. O Centro é dotado também de praças importantes como a do Rink, a da República e o Jardim São João, e de imóveis tombados e preservados.

Embora as atividades predominantes no local sejam comércio e serviços, o Centro desempenha relevante papel como sede do Poder, tanto pela presença do Executivo municipal, do Legislativo, quanto do Fórum e da Igreja Matriz. Além disso, possui um expressivo número de edificações residenciais. Na décade de 1970, houve migração de muitas lojas para outros bairros da cidade. Porém, na década seguinte ocorreu a instalação de shoppings centers no local. Assinala-se também a proliferação do comércio informal (ambulantes), consequência das dificuldades estruturais da economia brasileira. Hoje o Centro é objeto de estudos da Prefeitura Municipal no sentido de promover a sua revitalização.

SÃO DOMINGOS - GRAGOATÁ - BOA VIAGEM

SÃO DOMINGOS

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A história do bairro de São Domingos relaciona-se intimamente com a história de alguns de seus vizinhos - os bairros da Boa Viagem e do Gragoatá. A pequena planície entre os morros e o mar favoreceu a ocupação no entorno do Largo de São Domingos, onde havia um porto de atracação, que possibilitava a comunicação com o Rio de Janeiro.

Em 1816, quando D. João VI visitou o povoado, foi presenteado com um casarão onde ficou hospedado. Esse imóvel posteriormente foi denominado Palacete de São Domingos e localizava-se no Largo de São Domingos. Essa visita possibilitou a ascensão do povoado à condição de Vila Real. Mas, embora o Alvará Régio tenha estabelecido a sede da Vila em São Domigos, a sede foi deslocada para o antigo Campo de Dona Helena (no atual Centro da cidade), devido à pequena extensão de seu largo. Apesar disso, o bairro permaneceu como um dos locais de maior importância para a cidade. Quando Niterói tornou-se a nova capital da Província do Rio de Janeiro (1835), os primeiros presidentes da Província também ficaram hospedados no antigo Palacete. E o entorno do Largo de São Domingos - a atual praça Leoni Ramos - foi também o endereço de diversos nomes ilustres da Província.

Na década de 1970, a construção do Aterro da Praia Grande, que estava prevista nos planos de urbanização, foi executada parcialmente e mudou inteiramente o litoral do bairro. Apenas nos anos 80 e 90 a ocupação e urbanização dessas áreas aterradas foi realizada. Uma grande parte da região aterrada foi ocupada pelo Campus de Gragoatá da Universidade Federal Fluminense (UFF), pelo CIEP Geraldo Reis, pelo Clube de Regatas Gragoatá e por edificações residenciais. Em 2000, teve início a construção do Museu de Cinema - projeto que integra o conjunto de obras do Caminho Niemeyer - e, em 2004, foram realizadas as obras de recuperação do Portal da Cantareira. No bairro também situam-se: a Praça de Eventos de São Domingos, com a Concha Acústica; o Campus do Valonguinho da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Morro de São João; a faculdade Maria Teresa; o prédio-sede da empresa de energia AMPLA, a Igreja de São Domingos e o Solar do Jambeiro.

O bairro é limítrofe ao Centro, Ingá, Boa Viagem, Gragoatá e à Baía de Guanabara. A ocupação das edificações do bairro ocorre predominantemente de forma horizontal e inclui imóveis preservados e tombados. São Domingos reúne atividades diversas como: residencial, institucional, comercial, serviços e lazer, na medida em que se encontram instalados no bairro universidades, livrarias, bares, restaurantes, moradias de estudantes, ateliês de artistas, sede de sindicatos, entre outros.

GRAGOATÁ

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A história do Gragoatá está interligada à de São Domingos, porque os dois bairros compõem a mesma ambiência urbana, sem uma delimitação evidente de fronteiras. A origem do nome Gragoatá decorre da planta bromeliácea denominada Gravatá, que foi abundante no local. No bairro, foi construído o Forte Gragoatá entre o final do século XVII e o início do século XVIII. Na década de 1980, a paisagem da região foi modificada em função das obras de construção da Av. Litorânea, para interligar a Ponta d’Areia a São Francisco: o morro, onde se encontra o forte, foi cortado e a praia do Fumo (ao lado da praia Vermelha) foi aterrada. Na região do aterro foi construído parte do Campus da Praia Vermelha da Universidade Federal Fluminense (UFF) e algumas edificações do exército.

O bairro é limítrofe a São Domingos, Boa Viagem e a Baía de Guanabara, e apresenta o menor número de habitantes do município, com densidade demográfica de 731 hab/km2. É formado por quatro ruas principais (Passo da Pátria, Coronel Tamarindo, Av. Litorânea, Presidente Domiciano) que circundam o morro do Gragoatá. A atividade predominante é a residencial, e a ocupação das edificações ocorre de forma horizontal e inclui imóveis preservados e tombados.

BOA VIAGEM

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O bairro da Boa Viagem se caracterizava pela presença de chácaras e antigos casarões, dentre os quais podemos observar alguns remanescentes na rua Antônio Parreiras.

Na década de 1930, foi desencadeado o processo de reurbanização de toda a região. Décadas depois, quando foi executado o plano de melhoramentos do traçado, que previa a construção da Avenida Litorânea ligando a Ponta D'Areia a São Francisco, a paisagem natural foi alterada: a área entre o Pontal do Gragoatá e a praia da Boa Viagem foi aterrada, o que resultou no desaparecimento das praias do Fumo (em Gragoatá) e a Vermelha, e também, no ganho de uma grande área do mar. Da mesma forma que no Gragoatá, na região aterrada foi construído parte do Campus da Praia Vermelha da Universidade Federal Fluminense (UFF) e algumas edificações residenciais.

O bairro, um dos menores do município, apresenta como limites Ingá, São Domingos, Gragoatá e as águas da Baía de Guanabara. O seu litoral é composto pela enseada com a praia; pelas ilhas dos Cardos e da Boa Viagem; além do aterro da Praia Vermelha, por onde passa a Avenida Litorânea. As edificações são predominantemente residenciais e a ocupação ocorre de forma vertical (com exceção da rua Antônio Parreiras, onde estão localizados os imóveis de preservação).

PONTA D'AREIA

No século XVII a Ponta D’Areia era conhecida por Península da Armação e já se destacava no desenvolvimento de Niterói por ser um importante porto baleeiro. O nome é proveniente da pesca de "armar" os barcos e ao esquartejamento de baleias. A partir dessa atividade pesqueira, nos séculos seguintes a região vivenciou um expressivo processo de industrialização naval. Com a prosperidade dessa indústria, e sob a administração do Conde Pereira Carneiro, um conjunto de casas foi construído para abrigar seus operários. Esta vila construída com fins sociais – casas com instalações sanitárias, com aluguel módico, escola e até uma capela – foi inaugurada em 1918 e recebeu o nome de Vila Pereira Carneiro.

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As obras de urbanização da Vila Real da Praia Grande facilitaram a comunicação do bairro com o Centro, e com isso possibilitaram o seu desenvolvimento. Porém, com a construção da Avenida Feliciano Sodré, o bairro se separou do Centro e passou a ser visto pelos moradores como uma ilha com características de cidade do interior.

No século XX, o bairro atraiu quase todos os portugueses que escolheram Niterói como sua segunda terra natal, em função da oferta de emprego na região. Desse modo, a região constitui-se como uma colônia portuguesa e uma parte dela adotou o nome de Portugal Pequeno. Esse local é composto por um conjunto de casas e prédios de até três andares.

O bairro da Ponta d’Areia tem como limite os bairros do Centro e de Santana, e as águas da Baía de Guanabara. O relevo da região é acidentado e há o predomínio de edificações horizontais que incluem imóveis preservados e tombados.

Dentre as atividades do bairro estão as de serviço, a industrial e a residencial. O comércio de primeira necessidade localiza-se na entrada da Vila Pereira Carneiro e o especializado em produtos náuticos e oficinas afins, nas ruas que margeiam a Baía de Guanabara - especialmente a Miguel Lemos e a Barão de Mauá. Além disso, destacam-se os estaleiros e o Mercado São Pedro — especializado na comercialização de peixes e crustáceos.

SÃO LOURENÇO

A região do morro de São Lourenço foi o local escolhido por Araribóia para sediar o seu aldeamento principal, porque possibilitava uma visão estratégica e uma vigilância constante da Baía de Guanabara. Ele recebeu essas terras como prêmio por ter ajudado a expulsar os franceses durante as tentativas de invasões, em 1555.

Com o passar do tempo a Freguesia de São Lourenço progrediu e foi ocupada por fazendas de cana-de-açúcar, mandioca, fumo e etc. No século XIX, após a expulsão dos jesuítas, a Aldeia de São Lourenço era o único local próximo a metrópole onde ainda encontravam-se remanescentes das tribos indígenas. Porém, essas tribos foram aos poucos absorvendo a cultura dos colonizadores. Em 1866, como a população da aldeia apresentava-se reduzida, o Governo provincial decidiu extinguir o povoado.

Na segunda década do século XX, a enseada de São Lourenço foi aterrada para a execução do Porto de Niterói. A partir de então, se instalaram diversos estabelecimentos comerciais e industriais em função da proximidade com o porto e com a ferrovia. No bairro localiza-se a igreja mais antiga da cidade - a Igreja de São Lourenço dos Índios.

O bairro é limítrofe ao Centro, Fátima, Cubango, Fonseca e Santana. A ocupação das edificações do bairro ocorre predominantemente de forma horizontal e inclui imóveis preservados e tombados. São Lourenço é caracterizado pelas funções: residencial, serviço e comércio.


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Publicado em 16/05/2013

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