A Coleção de arte brasileira que o Museu de Arte Contemporânea abriga foi construída ao longo dos últimos trinta anos, com obras produzidas no Pós-Guerra. Embora ela abranja um número elevado de trabalhos, não reúne todos os artistas, pela impossibilidade de abarcar tanta gente que produziu com qualidade neste período tão fértil da arte brasileira. No entanto, pretendi que a coleção cobrisse intensamente determinados artistas ou grupos e tendências que me interessavam particularmente, alcançando-se para estes um bom perfil de seu trabalho em evolução.
A Coleção não está constituída apenas pelas formas mais tradicionais de arte, como o óleo sobre tela, mas por um elevado número de esculturas, coisa que penso ser rara em coleções brasileiras, além de muitos objetos que se situam a meio caminho entre as diversas modalidades de criação. À medida que a coleção foi-se expandindo, principalmente com a absorção da produção da década de 80, quando os artistas brasileiros utilizavam grandes dimensões para suas formas de expressão, a necessidade de evoluir do caráter privado para o público foi paulatinamente se impondo. Diferentes espaços e apoios foram tentados até que se materializou este esforço conjunto do Governo Municipal de Niterói e do arquiteto Oscar Niemeyer, com o suporte de diferentes setores e amigos, para a construção do que hoje é o Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Finalmente, a consideração decisiva para que ela esteja agora em uma instituição pública: uma coleção só existe se puder ser vista, comparada com as outras, analisada em suas possíveis deficiências e na sua dinâmica de crescimento. Ela deve servir para que artistas a usem em seu processo de aprendizado, além de instrumento para a permuta entre instituições para suas exposições. Acredito que neste caso, Niterói, cidade intrinsecamente ligada à cultura, poderá ter acesso ao que de melhor puder ser mostrado em termos de artes plásticas.
João Leão Sattamini Neto (1996)
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