A maior parte dos pisos da edificação é constituída por tabuado corrido. Em alguns cômodos, a alternância de tipos de madeira compõe formas geométricas, utilizadas para definir desenhos, tabeiras e requadros, como pode-se observar nos pisos da sala de jantar, do vestíbulo social e do salão principal. No pavimento superior, os pisos de madeira são integralmente elaborados em pinho de riga, com desenho simplificado e, muito provavelmente, são originais da construção do solar. Os rodapés do pavimento térreo são de desenho elaborado, em sistema duplo, apresentando boleados e caneluras. Os do pavimento superior possuem desenho simplificado e alguns deles foram recortados para receber as grelhas de retorno, exigidas pelo novo sistema de ar-condicionado. Os rodapés recuperados são em madeira canela e os novos foram confeccionados em ipê e cedro.
A configuração dos pisos do solar estabelece indícios de modificações realizadas na casa, quer pela tipologia, quer pela disposição. Os pisos de mármore, por exemplo, demonstram intervenções mais recentes, assim como no pavimento superior, as tabeiras dos pisos de pinho de riga encontram-se interrompidas por paredes, revelando a alteração realizada na divisão dos cômodos.
Os problemas mais graves identificados nos pisos foram o ataque de cupim e a umidade, no caso dos tabuados. Em algumas áreas do pavimento térreo, os danos causados ao barroteamento faziam ceder o piso sobre ele estruturado. Após inspeção detalhada, verificou-se que os barrotes de sustentação do piso deste pavimento estavam inteiramente comprometidos, o que determinou sua substituição total por novos, em madeira maçaranduba.
No pavimento superior, a maioria das peças do barroteamento foi restaurada e consolidada, com a utilização de Sikadur acrescido de areia de quartzo. Em ambos os pavimentos do solar, os pisos foram inteiramente retirados por seções, obedecendo a um mapeamento detalhado para orientação da futura reutilização. Alguns trechos foram substituídos e outros receberam enxertos em suas partes faltantes, conservando-se, assim, o maior número possível de peças originais. Após sua regularização, foi realizada a calafetagem e a aplicação de resina poliuretânica com acabamento acetinado. No porão, foi confeccionado um novo contrapiso, e o sistema de aeração foi recuperado com a abertura de novos vãos de ventilação e a desobstrução de antigos existentes.
Nas áreas de serviço, sanitários e varandas, o piso era composto de ladrilho hidráulico (20 x 20 cm); no sanitário térreo, de mármore, e na varanda superior, em cantaria. Quanto aos ladrilhos hidráulicos, os desgastes foram motivados pelo uso e ausência de manutenção. Na maioria dos casos, apresentavam rachaduras e extensas áreas de perda, o que determinou a remoção dos trechos destruídos e a substituição por tabuados em madeira ipê sobre barrotes, estabelecendo melhor integração com os demais espaços adjacentes. Os pisos hidráulicos das varandas foram submetidos à restauração conservativa e pontual: nas partes em que apresentavam estufamento, foram retirados um a um, para a colocação de nova massa de assentamento, e os quebrados foram colados. Após o nivelamento das peças, procedeu-se à limpeza químico-mecânica e à aplicação de uma camada protetora, com base em cera microcristalina.
A escadaria da varanda principal, em mármore, e as soleiras das portas de acesso, em mármore e granito, foram também objeto de restauração pontual, com obturação das peças quebradas, sem necessidade de sua remoção.