A Sala Carlos Couto, anexo ao Teatro Municipal de Niterói, abre suas portas nos meses de junho e julho de 2014 para a exposição "Sou Dercy", que por meio de materiais da imprensa e de pertences pessoais como figurinos e perucas, revive os cento e um anos de vida, sendo oitenta anos dedicados às artes cênicas, da imortal atriz comediante Dercy Gonçalves. Com a curadoria de Teca Nicolau e Nestor Lopes, a mostra fica aberta à visitação de 11 de junho a 30 de julho de 2014. A abertura acontece na terça-feira, 10 de junho, às 20h.

A exposição apresentará a carreira artística , que saiu ainda muito jovem da sua cidade natal, Santa Maria Madalena, no interior do Estado do Rio, em 1924, aos 17 anos de idade, para tornar-se artista de primeira grandeza, sempre autêntica e irreverente por representar, segundo ela mesma, "o modo e o jeito de ser do Brasil" ...

Dercy

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Celebrada por suas entrevistas irreverentes, bom humor e emprego constante de palavras de baixo calão, foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil.

Dolores Gonçalves Costa nasceu em Santa Maria Madalena, estado do Rio de Janeiro, em 1905, porém, registrada em 1907. Filha de um alfaiate e de uma lavadeira, passou uma infcia pobre em família de muitos irmãos, poucos estudos e nenhuma regalia. Abandonada pela mãe ainda pequena, foi criada pelo pai alcoólatra e sofria preconceitos por ser neta de negros.

Desde cedo manifestou interesse pela carreira artística e fez suas primeiras apresentações no coral da igreja, em procissões e festas locais. Para ajudar nas despesas de casa junto com os irmãos, Dercy foi trabalhar em uma bilheteira de cinema, onde aprendeu a se maquiar e atuar como as artistas que via nas telas.

Fuga e estreia

Com apenas 13 anos ficou noiva de Luiz Pontes, rememorado como seu grande amor até o dia de sua morte. Três anos depois fugiu de casa na companhia de Eugenio Paschoal para Macaé, embaixo do vagão de um trem. Na trupe de teatro mambembe, a Companhia de Maria Castro, estreou ao lado de Eugenio na dupla Os Paschoalinos. Assim, entrou definitivamente para o mundo do espetáculo e assumiu o nome artístico de Dercy Gonçalves.

Depois de se recuperar de uma tuberculose, atuou em "A Marquesa de Santos", de Viriato Correia, e depois de reprovada como cantora pelo radialista César Ladeira, optou definitivamente pela comédia. No início da década de 40, a convite do compositor Custódio Mesquita, assinou contrato com a Companhia Jardel Jércolis, na qual se tornou a principal estrela de "As Filhas de Eva" e "Do que Elas Gostam", espetáculos que lotaram durante meses o Teatro República. Em 1942 entrou para a Companhia de Manuel Pinto, no Teatro Recreio, com a revista "Rumo a Berlim" quando então estreita a amizade com o empresário Walter Pinto, então proprietário do Teatro. Um ano depois estreou no cinema no filme "Samba em Berlim", de Luís de Barros.

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Em 1947 monta sua própria produtora, a Companhia Dolores Costa Bastos, e encena a comédia "A Mulher Infernal", de José Wanderley e Renato Alvim. Em coprodução com Walter Pinto, faz "Tem Gato na Tuba", ao lado de Walter D'Avila, batendo recordes de bilheteria. Como produtora, lança "Burletas", com Luz del Fuego, "Elvira Pagã" e "Zaquia Jorge". Em seguida, transfere-se para a capital paulista, onde atua no Teatro Cultura Artística.

Já na Cinedistri, estrelou títulos com sucesso de bilheteria, como "Depois eu Conto" (1956), de José Carlos Burle, "Absolutamente Certo" (1957), de Anselmo Duarte, e "Uma Certa Lucrécia" (1957), de Fernando de Barros. Neste mesmo período, registrou em celuloide seus grandes sucessos no teatro: "Cala a Boca, Etelvina" (1958) e "Minervina Vem Aí" (1959), ambos de Eurides Ramos.

Televisão

Em 1957 faz sua primeira experiência em televisão, na TV Tupi, onde participa do Grande Teatro, mas seu sucesso na telinha vem somente em 1961, na TV Excelsior, no programa "Viva o Vovô Deville", de Sergio Porto, e no teleteatro "Dercy Beacoup", de Carlos Manga, com sátiras de personagens históricos.

Em 1958, aos 51 anos, filmou com Watson Macedo aquele que considera seu melhor trabalho na tela grande: "A Grande Vedete". Neste filme, além da irreverência de sempre, tem oportunidade de interpretar uma personagem dramática: uma vedete, dona da companhia, que perde seu lugar absoluto para uma jovem e, ainda por cima, rival no amor de seu namorado.


Fotos de Alexandre Porto



Na década de 1960, iniciou sua carreira-solo. Suas apresentações, em diversos teatros brasileiros, conquistavam um público conservador, com seu espírito transgressor. Nesses espetáculos, gradativamente introduziu um monólogo, no qual relatava fatos autobiográficos. Paralelamente a estas apresentações, atuou em diversos filmes do gênero chanchada e comédias nacionais.

Permaneceu na Excelsior até 1964, quando vai para a TV Rio a convite de Walter Clark e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, para participar do humorístico "Noites Cariocas". Quando Boni e Clark transferiram-se para a TV Globo, realizaram com a atriz um dos primeiros sucessos da emissora: um programa de variedades, utilidade pública e entrevistas, com 70% de audiência aos domingos, "Dercy de Verdade" (1966-1969), que acabou saindo do ar com a intensificação da censura no país após o AI-5.

Durante a década de 70, permaneceu na televisão, ao mesmo tempo em que encena comédias de costumes com sua marca irreverente. No final dos anos 1980, com a diminuição da censura na programação, Dercy passou a integrar corpos de jurados em programas populares, como em alguns apresentados por Silvio Santos, e até aparições em telenovelas da Rede Globo.

Em 1991, aos 83 anos, foi homenageada pela escola de samba Unidos do Viradouro, com o enredo Bravo Bravíssimo, e causa impacto ao desfilar com os seios de fora. Recebeu, em 1985, o Troféu Mambembe, numa categoria criada especificamente para homenageá-la: Melhor Personagem de Teatro.

Centenário

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Neste mesmo ano, Dercy Gonçalves completou cem anos com uma festa na Praça Coronel Braz, no centro do município de Santa Maria Madalena. Embora, oficialmente, tenha completado cem anos, Dercy afirmava que seu pai a registrou com dois anos de atraso, logo teria completado 102 anos de idade. Foi este também o mês em que Dercy subiu pela última vez num palco: na comédia teatral "Pout-PourRir" (espetáculo criado e dirigido pela dupla Afra Gomes e Leandro Goulart), onde comemorou "Cem Anos de Humor", com direito à festa, autógrafos de seu DVD biográfico e um teatro lotado por um público de fãs, celebridades e jornalistas.

Dercy Gonçalves faleceu no dia 19 de julho de 2008, aos 101 (oficial) anos de idade e foi sepultada em sua terra natal em Santa Maria Madalena.


Serviço

Exposição 'Sou Dercy"
Abertura: 10 de junho de 2014, às 20h
Visitação: de 11/06 a 30/07, terça a sexta-feira das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados das 15h às 18h
Entrada Franca
Classificação etária: Livre

Sala Carlos Couto, anexo ao Teatro Municipal de Niterói
Rua XV de Novembro 35, Centro
Tel: (21) 2620-1624


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Publicado em 30/06/2014

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