O Teatro Municipal de Niterói abre as portas para uma temporada de duas semanas do espetáculo "Um não sei quê que nasce não sei onde", nos dias 7, 8, 9, 14, 15 e 16 de novembro de 2014, sextas, sábados e domingos às 20h. A busca por um livro suspeito é pretexto para a violência do Estado, com prisões arbitrárias, torturas e morte.

Alguns presos sobrevivem na esperança de liberdade, igualdade e fraternidade. Com adaptação e direção de Leonardo Simões, esta é a primeira montagem da peça de Maria Jacintha.

A realização é do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Artes Cênicas (NEPAC) e no elenco estão: Aldo Perrota, Andrea Terra, Fraya Hippert, Daniela Erthal, Danielle Fritzen, Dico Pantaleão, Edson Amaro, Flávio Trolly, Henrique Rocha, Jean Bodin, Juliano Antunes, Marcelo Mattos, Miguel Nader, Rafael Fiuzza, Raquel Penner, Ricardo Silva, Solange Electo e Thiago di Muniz.

Em comemoração a semana do aniversário da cidade de Niterói no dia 14 a entrada será gratuita, com distribuição de 300 senhas meia hora antes do início do espetáculo.

Texto e montagem

O texto traz reminiscências do período em que a própria autora foi presa, em 1964, junto com outras seis mulheres, quase um mês após o golpe militar. Essa referência nunca foi reforçada por Maria Jacintha, que era contra revanchismos, mas a crítica à ditadura militar é evidente na história e no clima presente em toda a peça.

Como recurso para driblar a censura vigente à época em que a peça foi publicada (1968), a autora desloca a ação para um país hipotético, o "Estado Livre de Tucháua", e também não especifica a época dos acontecimentos retratados na trama.





Esta montagem do Núcleo de Ensino e Pesquisa de Artes Cênicas (NEPAC), dirigida por Leonardo Simões, marca os cinquenta anos de triste memória daquele golpe de estado, além dos vinte anos da morte de Maria Jacintha, falecida em dezembro de 1994. Nesse sentido, o encenador fez pequenas adaptações no texto, mas preservou toda a essência, a forma e a identidade do texto original.

Ao realizar a primeira encenação desse texto, com grande incentivo da sobrinha-herdeira da autora (a Profª Maria Jacintha Sauerbronn de Mello), Leonardo faz uma justa homenagem a essa mulher que batalhou incansavelmente pela estruturação de um teatro local na cidade por ela adotada desde muito jovem, quando veio de Cantagalo (RJ) para aqui se formar como professora. Em Niterói, ela fundou o Teatro de Arte Fluminense, na década de 1950, e o Teatro Estável de Niterói, já no fim dos anos setenta, no qual surgiu o ator niteroiense Ricardo Sanfer, atual Presidente da Associação de Trabalhadores de Artes Cênicas de Niterói (ATACEN), em cujas reuniões a proposta dessa montagem surgiu, como um projeto de integração da classe artística local, a partir da sugestão de Solange Electo e Edson Amaro, logo apoiada por Simões.

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Mas Maria Jacintha também é um nome de destaque nacional por sua importância fundamental, embora pouco lembrada, na estruturação do teatro moderno brasileiro, tal como comprovou o diretor-pesquisador Leonardo Simões em sua tese de Doutorado em Teatro: "Maria Jacintha, a mulher de teatro nos bastidores da cena moderna brasileira". Jacintha colaborou com a transformação dos repertórios de companhias de seu tempo, como a Cia. Dulcina-Odilon, da famosa Dulcina de Moraes, entre as empresas profissionais; e o Teatro do Estudante do Brasil (TEB), entre os amadores e estudantes, aos quais sempre dedicou especial atenção.

O diretor niteroiense reforça a importância dessa montagem em função dessas referências de um passado que é preciso lembrar para que não se repita. E também pelo momento histórico presente, inclusive pelo contexto de revitalização do movimento teatral na cidade de Niterói. Esse ambiente criativo que está se formando foi vital para que se tornasse possível essa ousada montagem de um texto extenso, com um elenco numeroso (18 atores) que reúne artistas niteroienses oriundos diversos grupos locais, e também alguns artistas nascidos aqui que raramente tiveram oportunidade de desenvolver seu trabalho na cidade.


Serviço

Um Não sei quê que nasce não sei onde
Data: 7, 8, 9, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
Horário: Sextas, Sábados e Domingos, às 20h
Duração mínima: 100 minutos
Entrada: R$ 50,00 Comprar no Ingressso.com
Classificação etária: 12 anos

Teatro Municipal de Niterói
Rua XV de Novembro 35, Centro
Tel: (21) 2620-1624

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Publicado em 01/11/2014

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