Domingo 20 do corrente mês de Novembro de 1831, a Companhia portuguesa Sociedade de Actores exporá sobre a cena a muito graciosa comedia denominada "D. João de Alvarado, o criado de si mesmo". A abertura estará a cargo de uma brilhante sinfonia. Finda que seja, Maria Ricardina Soares, dançará "O Sorongo". Rematando o espetáculo com a Farsa intitulada "A Parteira Anathomica ou O Dentista".
A comédia "Dom João de Alvarado, o criado de si mesmo" (Lisboa, 1782).
Interlocutores
D. Joao 1. Galan.
D. Lopo, 2. Galan.
D. Fernando, Pai da Dama.
D. Ignez, sua filha.
Beatriz, Criada.
Sancho, Lacaio de D. Joao
Bernardo, Criado de D. Fernando.
No Sábado 26 do corrente, em benefício da primeira Dama da Sociedade de Actores, Ludovina Soares, expor-se-á um interessante espetáculo. Logo que termine uma escolhida sinfonia, representar-se-á o excelente Drama em 3 atos intitulado "O Castigo de Prepotencia ou O Heroismo do Amor Conjugal". Findo que seja, Maria Ricardina Soares, executará o engraçado Baile Hespanhol, rematando o espetáculo com a mais graciosa farsa denominada "A Doente Fingida".
A Beneficiada espera obter de um público tão benigno, aquela mesma proteção com que tantas vezes a tem honrado. No caso de chover no referido dia, será transferido o benefício para o dia 30 do corrente.
Com informações publicadas no periódico "Diário do Rio de Janeiro", em 19 de dezembro de 1831
Companhia
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Ludovina em daguerreótipo do célebre fotógrafo Insley Pacheco, datado provavelmente de 1860 |
Em 1829, o empresário Francisco José de Almeida trouxe ao Brasil a companhia portuguesa de teatro de Ludovina Soares da Costa e de seu marido João Evangelista da Costa. Uma parte dos atores pisou em solo brasileiro em julho daquele ano, enquanto outros chegaram mais tarde. A Sociedade de Actores criou em 1834 o Theatro da Praia de D. Manuel, no Rio de Janeiro.
Ludovina Soares nasceu em Coimbra, em 25 de outubro de 1802. Estreou ainda criança, aos nove anos, no Porto, interpretando o Anjo da oratória em "A família de Adão", no Teatro São João. Brilhou em Portugal e no Brasil, país onde resolveu morar a partir de 1829, falecendo, no Rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 1868.
Segundo Luiz Americo Lisboa Junior, em "Teatro Português no Brasil: Do Império à Primeira República", Mariana Torres e Ludovina Soares da Costa foram as mais importantes atrizes portuguesas no Brasil, na primeira metade do século XIX, porém, não há dúvida de que Ludovina superou Mariana, não apenas porque resolveu residir no Brasil, mas também, porque teve uma destacada participação não só como atriz e empresária sobressaindo-se entre os seus compatriotas que faziam teatro no país.
Maria Ricardina Soares, irmã de Ludovina Soares, era excelente atriz e dançarina de fandango. Seu perfil foi descrito por um contemporâneo seu: "Ricardina é portuguesa nata nem muito nova, nem esplêndida de beleza, mas de olhos e pés inexcedíveis. Não há coração de homem que lhe resista."
Pesquisa e edição: Alexandre Porto
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