Quinta feira, 8 do corrente mês de dezembro de 1831 em benefício do ator e sócio João Climaco da Gama, a companhia Sociedade dos Actores se exporá em cena o espetáculo seguinte: logo que os professores da orquestra tenham executado uma das melhores sinfonias, se representará a interessante comédia em 3 atos intitulado: "A Sencibilidade no Crime", do poeta dramático português Antônio Xavier Ferreira de Azevedo.
O Caracter de Pantalião Boticário será desempenhado pelo ator Victor Profirio de Borja: agradáveis sinfonias se executarão nos intervalos dos atos, e concluída que seja se representará a nova, interessante e jocosa farsa denominada: "O Cazamento por Editais".
O Beneficiado exultará de conseguir agradar a seus beneméritos e eruditos espectadores, implorando-lhes a sua valedora proteção, pela qual lhe protesta o mais eterno, e indelével reconhecimento: os bilhetes de camarote e plateia acham-se à venda em casa do beneficiado, e no teatro, principiará às 20 horas.
Adaptado de matéria de "O Diário do Rio de Janeiro", publicada em 03 de dezembro de 1831.
Nota: O espetáculo foi adiado para o Domingo, dia 11
Vítor Porfírio
Tendo o ator João Caetano como um de seus discípulos,
Vitor Porfirio de Borja destacou-se como um dos mais notáveis e longevos artistas lusobrasileiros, atuando de 1771 a 1852. Migrando para o Brasil no início da década de 1810 com a companhia de Mariana Torres, dirigiu a Companhia Nacional e atuou na Sociedade dos Actores, de Ludovina Soares. Bocage o prestigiou com um diálogo que escreveu, em 1805, para que o recitasse em teatro. Faleceu no Rio de Janeiro.
Nota: "Vende-se o botequim e casa de comidas, muito bem afreguesada, que está junto ao Theatro da Praia Grande, por seu dono não poder estar a testa dele; quem o quiser pode ir vê-lo, e para tratar do ajuste no mesmo botequim. "
António Xavier Ferreira de Azevedo (Lisboa, 6 de março de 1784 — Lisboa, 18 de janeiro de 1814) foi um poeta dramático e comediógrafo português. Assinou algumas obras simplesmente como A.X.F.A. ou António Xavier. Foi um prolífico e respeitado poeta dramático, autor de algumas das peças mais apreciadas nos teatros portugueses e brasileiros das primeiras décadas do século XIX. É autor de mais de uma centena de dramas e farsas, entre originais e adaptações de textos francesas e espanhóis, recriados ao gosto do público português. Muitas das suas peças nunca foram publicadas enquanto outras apenas o foram algumas décadas após a sua morte aos 29 anos de idade, por atores e de pessoas ligadas ao teatro.
Pesquisa e edição: Alexandre Porto
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