Realizou-se na última sexta-feira, 08 de agosto de 1884, a inauguração do Theatro Santa Thereza, nesta Capital da Província do Rio de Janeiro, com assistência de Sua Majestade o Imperador Dom Pedro II; do presidente da província, José Leandro de Godói e Vasconcelos; de deputado provinciais; chefe de polícia, cidadãos qualificados, famílias distintas, representantes da imprensa e outras pessoas.

O edifício estava elegante adornado e repleto de espectadores, sendo difícil o trânsito nas imediações do teatro. Na chegada do monarca foi executado o hino nacional pela orquestra, seguindo-se a representação do drama "Gran Galeoto", do poeta espanhol José Echegaray pela, pela companhia do ator Dias Braga.

Este drama, que é de grande mérito literário, contendo cenas importantes e comoventes, foi perfeitamente compreendido em seus papéis pelos atores que os exibiram, distinguindo-se dentre eles os Srs. Dias Braga, Augusto Boldrini e a atriz Helena Cavallier.

No fim do 2º ato, foram chamados à cena e ovacionados os Senhores Valentim Magalhães e Filinto de Almeida, tradutores do drama. O espetáculo finalizou depois de meia noite, retirando se o Imperador a essa hora para a Corte.

O espetáculo

A Companhia do Recreio Dramático, do ator Dias Braga, representou este importante drama, escrito em prosa e verso por Echegaray. Não cabe, e nem é possível em uma nota breve fazermos uma descrição demorada das belezas da peça, e muito menos estendermos em analise minuciosa.

Temos ao levantar do pano, no prólogo, Ernesto, homem de espirito imaginário, febril e altivo, sentado junto a uma mesa meditando na feitura de um drama seu. Começa então a ação da peça. Quanto ao desempenho: agradaram-nos imenso as interpretações de todos os papeis. Ernesto tem um desempenho magistral por parte de Boldrini, que, na recitação dos versos arrebatados, retrata perfeitamente o caráter nobre do personagem.

Julião, o tipo delineado com maestria, encontra em Dias Braga um bom intérprete, que sabe dar todo o relevo a forma da individualidade.

Theotonia, entidade esboçada por poeta ardente, que lhe dá uma feição mimosa e correta, acha-se confiada à atriz Helena Cavallier, que, excetuado alguns pontos do papel, o conduz brilhantemente.

Leolinda (Dolores), Maggioli (D. Severo) e Torres (Pepito), embora em papeis secundários muito concorreram para o brilhante êxito da peça.

Saída do Imperador

Fez-se a guarda de honra uma força do corpo policial de Niterói, comandada pelo Sr. Capitão Fernando de Almeida e acompanharam Sua Majestade até a Barca Ferry um piquete do regimento de cavalaria, sob o comando de um capitão e outro do corpo policial.

Uma das boas lembranças que teve a empresa do Theatro Santa Thereza, liderada por Felice Tati, foi a colocação do busto de João Caetano, o primeiro artista brasileiro. Na parede do fundo, que fica em frente à porta central de entrada, em um nicho, está o busto do grande ator. É uma homenagem digna e que honra àqueles que a executaram.

Um dos pontos altos da noite foi a apresentação do novo Panno de Boca do teatro criado pelo jovem artista niteroiense Antonio Parreiras. Leia mais em As imagens perdidas do "panno de bocca" do Theatro Santa Thereza.

Com informações dos periódicos "Folha Nova", "O Fluminense" e do semanário "O Espectador".

Pesquisa e edição: Alexandre Porto


Tags:






Publicado em 14/07/2021

Claudia Foureaux apresenta "Um Jeito a Mais" no Municipal Sexta-feira, 10 de maio
Os Bonitos homenageiam a Jovem Guarda no Municipal Sábado, 11 de maio
Um Brinde à Poesia na Sala Carlos Couto Sábado, 11 de maio
Moça Prosa homenageia Jovelina Pérola Negra no 'Clássicos do Samba' Quarta-feira, 22 de maio
Coletivo Plural apresenta mostra "Verso e Reverso" na Sala Carlos Couto De 02 de maio a 02 de julho
Com fotos de Magno Mesquita, Niterói é tema de mostra na Carlos Couto Leia mais ...
Lenda 'Itapuca' no palco do Teatro Municipal João Caetano Leia mais ...
Clube Dramático Assis Pacheco estreia no Theatro Municipal Leia mais ...
A Grande Reforma do Theatro Municipal, em 1966 Segunda-feira, 02 de maio de 1966