Neste sábado e domingo, 12 e 13 do corrente mês de novembro de 1831, começam as representações da Companhia ali estabelecida em Sociedade. A orquestra será composta de excelentes professores, e executar-se-ão brilhantes sinfonias.
A comédia para as duas récitas de abertura, denomina-se: "A Esposa Renunciada", do dramaturgo português Antônio Xavier Ferreira de Azevedo.
Seguem-se apresentações de dança "A Engraçada Caxuxa", e a Farsa "A Enfatuada Ridícula ou O Lunuco"
A Sociedade compõe se dos seguintes atores e atrizes: Victor Porfírio de Borja, João Evangelista da Costa, João Clímaco da Gama, Manoel Soares, Joaquim José Agostinho, Joaquim Pimentel, Joaquim José de Souza, Ludovina Soares, Maria Candida de Souza, Theresa Soares, Ricardina Soares (para dançar e representar) e a Jovem Ricardina.
Os Senhores que se dignarem proteger a Sociedade, e quiserem assinar por 12 récitas, poderão mandar à rua da Cadeia canto da rua d'El-Rei próximo ao Theatro: e os camarotes e lugares de plateia para os Srs. assinantes terão o abatimento de 10 por cento.
Tendo toda a preferência na escolha; e lhes são destinados os Domingos, inclusive o Sábado, 12, de abertura.
O dia 2 de Dezembro de Grande Gala, Natalício de Sua Majestade Imperial, o Senhor D. Pedro Segundo, e o dia 26 do dito mês, primeira Oitavo de Natal, em lugar de Domingo 25.
Com informações publicadas no periódico "Correio da Manhã", em 12 de novembro de 1831
António Xavier Ferreira de Azevedo (Lisboa, 6 de março de 1784 — Lisboa, 18 de janeiro de 1814) foi um poeta dramático e comediógrafo português. Assinou algumas obras simplesmente como A.X.F.A. ou António Xavier. Foi um prolífico e respeitado poeta dramático, autor de algumas das peças mais apreciadas nos teatros portugueses e brasileiros das primeiras décadas do século XIX. É autor de mais de uma centena de dramas e farsas, entre originais e adaptações de textos francesas e espanhóis, recriados ao gosto do público português. Muitas das suas peças nunca foram publicadas enquanto outras apenas o foram algumas décadas após a sua morte aos 29 anos de idade, por atores e de pessoas ligadas ao teatro.
Companhia
Em 1829, o empresário Francisco José de Almeida trouxe ao Brasil a companhia portuguesa de teatro de Ludovina Soares da Costa e de seu marido João Evangelista da Costa. Uma parte dos atores pisou em solo brasileiro em julho daquele ano, enquanto outros chegaram mais tarde. A Sociedade de Actores criou em 1834 o Theatro da Praia de D. Manuel, no Rio de Janeiro.
Ludovina Soares nasceu em Coimbra, em 25 de outubro de 1802. Estreou ainda criança, aos nove anos, no Porto, interpretando o Anjo da oratória em "A família de Adão", no Teatro São João. Brilhou em Portugal e no Brasil, país onde resolveu morar a partir de 1829, falecendo, no Rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 1868.
Segundo Luiz Americo Lisboa Junior, em "Teatro Português no Brasil: Do Império à Primeira República", Mariana Torres e Ludovina Soares da Costa foram as mais importantes atrizes portuguesas no Brasil, na primeira metade do século XIX, porém, não há dúvida de que Ludovina superou Mariana, não apenas porque resolveu residir no Brasil, mas também, porque teve uma destacada participação não só como atriz e empresária sobressaindo-se entre os seus compatriotas que faziam teatro no país.
Maria Ricardina Soares, irmã de Ludovina Soares, era excelente atriz e dançarina de fandango. Seu perfil foi descrito por um contemporâneo seu: "Ricardina é portuguesa nata nem muito nova, nem esplêndida de beleza, mas de olhos e pés inexcedíveis. Não há coração de homem que lhe resista."
Pesquisa e edição: Alexandre Porto
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