No sábado, 26 do corrente mês de novembro de 1831, em benefício da Primeira Dama Ludovina Soares, representar-se-á, logo que termine uma escolhida sinfonia, a excelente comédia "O Castigo da Prepotência ou O Heroísmo do Amor Conjugal".
Apenas finde, a beneficiada recitará um elogio de gratidão, seguir-se-á um engraçado baile Hespanhol, executado por Maria Ricardina Soares. Rematando o espetáculo com a muito graciosa farsa "A Doente fingida".
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Ludovina em daguerreótipo do célebre fotógrafo Insley Pacheco, datado provavelmente de 1860 |
Se chover, o benefício será transferido para Quarta-feira, 30; os bilhetes de plateia, acham-se em casa da mesma beneficiada na rua de El Rey, próxima ao Theatro.
Com informações do "Diário do Rio de Janeiro de "26 de novembro de 1831.
Companhia
Em 1829, o empresário Francisco José de Almeida trouxe ao Brasil a companhia portuguesa de teatro de Ludovina Soares da Costa e de seu marido João Evangelista da Costa. Uma parte dos atores pisou em solo brasileiro em julho daquele ano, enquanto outros chegaram mais tarde. A Sociedade de Actores criou em 1834 o Theatro da Praia de D. Manuel, no Rio de Janeiro.
Ludovina Soares nasceu em Coimbra, em 25 de outubro de 1802. Estreou ainda criança, aos nove anos, no Porto, interpretando o Anjo da oratória em "A família de Adão", no Teatro São João. Brilhou em Portugal e no Brasil, país onde resolveu morar a partir de 1829, falecendo, no Rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 1868.
Segundo Luiz Americo Lisboa Junior, em "Teatro Português no Brasil: Do Império à Primeira República", Mariana Torres e Ludovina Soares da Costa foram as mais importantes atrizes portuguesas no Brasil, na primeira metade do século XIX, porém, não há dúvida de que Ludovina superou Mariana, não apenas porque resolveu residir no Brasil, mas também, porque teve uma destacada participação não só como atriz e empresária sobressaindo-se entre os seus compatriotas que faziam teatro no país.
Maria Ricardina Soares, irmã de Ludovina Soares, era excelente atriz e dançarina de fandango. Seu perfil foi descrito por um contemporâneo seu: "Ricardina é portuguesa nata nem muito nova, nem esplêndida de beleza, mas de olhos e pés inexcedíveis. Não há coração de homem que lhe resista."
Pesquisa e edição: Alexandre Porto
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