Simples, porém agradável, o show de Lúcio Alves e Dóris Monteiro marcou, na noite de sexta-feira, 24 de junho de 1977, a reabertura do Teatro Municipal João Caetano, o que já demonstra a iniciativa do novo presidente da Fundação de Atividades Culturais de Niterói, Albino Pinheiro, que promete outras realizações com o objetivo de estimular um movimento artístico-cultural cidade.

O espetáculo foi o mesmo que a dupla realizou em temporada do Projeto Pixinguinha - e que estreou no Teatro Dulcina -, trazendo no repertório, sucessos como Este seu olhar (Tom Jobim), Alô fevereiro (Sidney Miller) e Mudando de conversa (Maurício Tapajós e Hermínio Belo de Carvalho), Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto), Fim de Caso (Dolores Duran), Conversa de Botequim (Noel Rosa e Vadico), entre outros.

Na noite de sexta feira, para surpresa dos próprios idealizadores do show, o público lotou o Teatro, a partir das 21 boras, o mesmo ocorrendo no sábado e domingo. E a plateia fez questão de acompanhar os artistas, como se os estivesse saudando e parabenizando pelo renascimento das atividades culturais em Niterói.

O som perfeito proporcionou maior comunicabilidade entre cantores e plateia. E ninguém deixou de ouvir músicas de bossa-nova do repertório de Lúcio Alves e Dóris Monteiro, como "Pra Você", que constituiu o ponto culminante do espetáculo, quando os aplausos da plateia foram mais intensos.

Só a iluminação não era boa, e deixava o rosto de Lúcio Alves na penumbra. Mas ninguém estava preocupado com esse detalhe. Afinal, o importante é que o show quebrou um longo recesso das atividades artístico culturais de Niterói, e que esse tipo de iniciativa beneficia ambas as partes: a plateia, que já não precisa sair da cidade para assistir a um espetáculo, e os artistas, que têm em Niterói mais um campo de trabalho.

Artistas

Dóris Monteiro foi uma das líderes mais destacadas do grande movimento da bossa-nova. Trazia consigo a suavidade das melodias feitas pelos “bolsistas” da época, e transmitia como ninguém as mensagens mais lindas, em versos e melodias. Dóris, a menina de uma trança só, olhos medrosos. Quando estava no palco, cantava para dançar. Com seu primeiro disco, consegue seu primeiro êxito; vai crescendo com as palmas ganhas nos auditórios das estações de rádio e viaja pelo Brasil, revelando ali e acolá o que sabe de arte, o que sabe de “dizer” samba.

A carreira de Lúcio Alves começou nos conjuntos Bando da Lua e depois Namorados da Lua. Foi uma peregrinação constante pelas rádios mais famosas: Tupi, Nacional e Mayrink Veiga. Sua voz grave, entretanto, foi sendo logo notada. A música vivia a pré euforia da bossa-nova e Lúcio Alves encosta sua popularidade à de Dick Farney, e surge Teresa da Praia. Como compositor será lembrado por uma composição antológica, consagrada por Isaurinha Garcia e regravada há pouco por João Gilberto: “De Conversa em Conversa”.

Com informações de O Fluminense e Funarte.


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Publicado em 09/09/2021

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