Já não podemos duvidar: o Sr. João Caetano dos Santos pode, de 25 do corrente em diante, espancar esta monotonia da vida segregada, que levam os habitantes de Nictheroy, e que os faz andar trombudos.
Graças aos esforços que empregou na reedificação do Theatro outrora Nictheroyense e hoje - de Santa Thereza -, nós os habitantes das ermas ruas, e desertas praias podemos ter outro ponto de reunião afora o da valetudinária barca dessa Companhia tanto mais impassível quanto mais praguejada!
Oh! já não comerás meus seis vinténs, para em eterna viagem venceres uma distância de pouco mais de 4 milhas! já não tenho precisão de encomendar-me ao teu caronte para me ir lançar nas praias do Janeiro, onde ia procurar distrações; por cá me ficarei; tenho já onde de ensanchar ao riso.
Grandes trabalhos venceu o Sr. João Caetano para que possa abrir o Theatro a 25 deste mês; e certo foi preciso que víssemos o estado em que só ele acha para acreditarmos na realidade do fato.
O Sr. João Caetano correspondeu à confiança que nele depositou o Exm. Sr. Presidente da Província: em 3 meses demoliu a a velha guarida de pulgas, e sobre suas ruínas fez levantar-se um Theatro acomodado à nossa posição.
Temos preparada a cama, está ótima: quem nos dirá agora como vamos de noiva? Temos 1ª e 2ª ordem de camarotes, plateia superior e inferior, cenário, etc., e a Companhia em que estado se acha?
Ignoro absolutamente: por ora sei que temos o Sr. João Caetano (já não é pouco, é verdade) e a Sra. Estella (era desnecessário dizê-lo), e quem mais?
Veremos Domingo.
E porque peça vai estrear o Sr. João Caetano? Pelas "Memórias do Diabo!" Oh! meu Deus, temos nova disputa, se serão tubaras ou trufas.
Editorial do Correio Oficial da Província do Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1842
Pesquisa e edição: Alexandre Porto
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