Assistimos no Domingo, 3 do corrente mês de julho de 1842, a récita "Sete Infantes de Lara", mais por preencher o propósito em que estamos de coadjuvar a um hábil patrício com o nosso limitado contingente e número, do que pelo gosto de ver um espetáculo tão aparatoso, e em que entram tantos atores executado em um limitado tablado, por um diminuto número de cômicos, e por um empresário sem meios nem recursos.

Porém nossa expectação foi logo surpreendida pela grande concorrência, pois que o povo como que adivinhava o bom divertimento que se lhe preparava, se tinha prevenido de camarotes, e nos constou ao depois, que logo à tarde não havia já um para se alugar.

O espetáculo correu maravilhosamente, nem vestuário, nem o cenário, nem os atores faltaram para o bom desempenho da peça, enfim tudo excedeu a nossa expectação.

E forçoso é confessar que muito faz o Sr. João Caetano com os poucos meios e recursos que tem, que são quase nenhuns. Desnecessário é dizer-se, que Gonçalo dos Sete Infantes não era já o Mouro de Veneza, o Kean etc.: a monotonia dos atores do Theatro de S. Pedro está muito longe do nosso hábil artista Brasileiro.

Não concluiremos estas linhas sem notarmos, que é lástima que um nosso patrício insigne artista veja condenado e desprezado o seu talento falto dos recursos necessários para um decente tratamento, em tanto que um magnífico Theatro na Corte tem suas portas abertas para quantos estrangeiros e aventureiros aportam às nossas praias, que são logo acumulados de boas vantagens; e o que é mais cobertos de imerecida e fofa glória!!!

Ah Brasil!... Sed aliquando finietur.

Coluna 'Folhetim' do Correio Oficial da Província do Rio de Janeiro de 06 de julho de 1842


Sinopse

Uma lenda de fundo histórico, "Os sete infantes de Lara" relembra-nos os feitos e as lutas entre os mouros e os cristãos durante a chamada "Reconquista" (sec VIII a XV). O romance baseia-se num antigo cantar de gesta, já desaparecido. Epopeia sangrenta, a história gira em torno de uma desavença familiar. Casava-se Dona Lambra de Bureba com Don Rodrigo de Lara, irmão da mãe dos infantes, Dona Sancha. Frente a frente encontram-se os familiares da noiva e os de Lara. Perante a vontade de vingança de Dona Lambra, o seu tio, D. Rodrigo, urdiu um plano de vingança enviando Gonçalo Gustios, pai dos infantes, com uma carta a Almançor, dizendo-lhe que matasse aquele que levava a carta. Mas Almançor tem pena de Gonçalo e não o mata, prende-o. A outra parte do plano consistiu em enviar os infantes para a batalha contra os mouros, abandonado-os no campo de batalha, e assim aconteceu. O momento mais impressionante do romance é quando Almançor mostra as cabeças dos sete infantes ao seu próprio pai. O seu choro, diante das cabeças dos filhos, constitui uma das páginas mais pungentes de toda a epopeia.

Pesquisa e edição: Alexandre Porto


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Publicado em 24/08/2021

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