O segundo espetáculo que prodigalizou a companhia do ator Carlos Pestana, foi na noite de quinta-feira, 12 de setembro de 1901, no Theatro João Caetano. A concorrência pública foi mais que regular, tendo a bela peça, em 4 atos, do teatro espanhol, original de Dom
Joaquín Dicenta - João José (no original, Juan Jose), sido representada a contento.
Com tradução a cargo do escritor Maximiliano de Azevedo, este drama de tese sociológica, é de atualidade, motivo porque desperta vivamente a atenção pública.
Na Capital Federal fez enorme sucesso pela companhia do Dias Braga, tendo sido confiado o papel de protagonista ao artista Ferreira. O ilustre comediógrafo
Arthur Azevedo considerou o trabalho desse artista como de primeira ordem, tanto que vendo-o interpretado por um outro artista de nomeada, disse: "prefiro mais o João José Ferreira ao João José do Valle".
Na companhia Pestana foi confiado esse personagem ao ator
Cardozo da Motta, a quem hoje fazemos justiça enaltecendo o seu trabalho que foi digno de apreço; se não conseguiu rivalizar com o distinto artista Ferreira, contudo, o interpretou com segurança, tendo no terceiro ato sido feliz na cena capital: "leitura da carta".
André (o pintor) foi confiado no ator português
J. Veiga que muito agradou; Ignacio coube ao ator
Lino Rebello que conservou-se fiel à interpretação:
Paco a
Joaquim Veiga, que fê-lo a contento; Cano a
Carlos Pestana, que tendo ido regularmente satisfez a plateia. Esse personagem já vimos com muita segurança interpretado pelo ator Vellozo. O papel de Rosa foi entregue a d.
Amélia Pestana, que conseguiu sair-se bem dessa tarefa.
Izidra (a intrigante) coube a distintíssima atriz
Balbina Maria, que com segurança bem o interpretou, o que prova a sua competência para os papeis caricatos.
Os demais papeis confiados aos artistas
Irênio Coelho (guarda da prisão),
Emília Rebello (Tanuela) e Henrique (Caixeiro), foram bem desempenhados. Mais uma vez damos parabéns à empresa pela maneira porque tem prodigalizado os seus espetáculos.
O conjunto da companhia Pestana, pode-se considerar mais do que regular, pois que observa nas pontas (pequenos papeis) ilimitado cuidado. É essa uma das maiores vantagens que tem a companhia, não sendo como tantas outras que só trazem dois artistas de nomeada não cuidando dos outros elementos.
A banda de música do 38° abrilhantou o espetáculo tocando nos intervalos.
Sinopse: Juan José e Andrés são dois amigos que vivem juntos com Rosa e Tanuela. Surge um conflito quando Paco, o capataz da fazenda onde Juan José trabalha, mostra suas intenções com Rosa. O conflito entre os dois homens termina com a demissão de Juan José, que é forçado a roubar para sobreviver e finalmente acaba na prisão.
Por sua parte, Rosa, uma mulher ambiciosa, deixa-se seduzir por Paco. Quando Juan José recebe notícias da situação através de Andrés, ele consegue escapar da prisão com a intenção de acabar com a vida da traidora e seu amante.
Publicado originalmente em O Fluminense, a 17 de setembro de 1901
Pesquisa e edição de Alexandre Porto
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