A ópera Domitila, composta por João Guilherme Ripper, tendo as Cartas do Imperador a sua amante como libreto, terá a voz da experiente e teatral soprano Neti Szpilman, no papel da Marquesa de Santos.

A temporada de Óperas de Inverno do Teatro Municipal de Niterói é encerrada nos dias 19 e 20 de julho - sexta e sábado-, com o monólogo "Domitila", que terá Neti Szpilman como intérprete. Em um só fôlego, por 70 minutos sem intervalos, a soprano conta a história de Domitila de Castro, amante do Imperador D. Pedro I, tendo como base a troca de correspondência entre os dois. A obra foi composta pelo brasileiro João Guilherme Ripper, atual diretor da Sala Cecília Meireles. Em sua primeira montagem, em 2000, Domitila, recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte.

Esta ópera de câmara, como são chamadas as óperas de pequena orquestração, apresentará - ao som de piano, violoncelo e clarinete - as emoções revividas através das cartas que Domitila, também conhecida como Marquesa de Santos, recebeu ao longo dos anos em seu relacionamento com o imperador. D. Pedro I, que queimou suas cartas. Domitila, não atendendo aos pedidos de seu amante, guardou as suas. Este material, cerca de 143 cartas, posteriormente foi encontrado em um museu de Nova York.

Marquesa de Santos. Clique para ampliar
Desde as primeiras mensagens, com galanteios do Imperador, passando por momentos de grande intimidade, até chegar ao triste desfecho da relação, as cartas s o documento vivo de um amor proibido. Ele ficou na história do Brasil e gerou frutos, que provocaram uma dicotomia na Família Real: o casal teve quatro filhos, dos quais sobreviveram duas meninas. Há relatos sobre mais de duzentas cartas trocadas por Domitila e D. Pedro.

O cenário é composto por cartas do imperador penduradas, um baú com seus pertences mais valiosos, uma pequena caixa onde guarda as cartas que recebeu durante os 7 anos do relacionamento conturbado e outras peças. Neti, com sua voz firme e aveludada, transforma momentos de sedução e desespero em realidade, fazendo surgir, no imaginário do público, o imperador. Ela será acompanhada no piano por Maria Luiza Lindenberg, no clarinete por Moisés Santos e no violoncelo por Luciano Correa.

"É como se a Domitila estivesse no limbo", explica Spzilman, que também é responsável pelo figurino do espetáculo. "Ela revive desde as primeiras cartas de amor até a última, em que D. Pedro I a expulsa da cidade. As letras das músicas nesta ópera são exatamente as palavras dessas cartas", antecipa. A preparação para viver a personagem não foi fácil. Neti Szpilman precisou ser orientada por um diretor de movimentos para o papel.



"A maneira como esta ópera foi montada exige muito de mim fisicamente. Tem momentos em que faço praticamente vários abdominais, levanto, pego as cartas. São situações inusitadas, como se tudo ali retratado fosse de verdade: as angústias, as loucuras, o sexo - que é algo muito forte entre os dois", explica Szpilman.

Convidada para introduzir Domitila, a museóloga Angela Moliterno, especialista na Marquesa de Santos, estará presente para falar sobre os personagens em uma pequena palestra.

Cenário da ópera - Desejando preparar a plateia para esta temporada de inverno, Marilda Ormy realizou uma pré-temporada em junho, com a ópera monólogo Alabê de Jerusalém, de Altay Veloso, que arrancou lágrimas da plateia; e com o espetáculo didático que já comemora 10 anos de existência Que ópera é essa, do professor de História da Ópera Robson Leitão.

Estes eventos voltados para a ópera no Teatro Municipal de Niterói resgatam um tipo de arte que já foi exclusivo em tempos distantes, como afirma a publisher do VivaMúsica!, projeto voltado para música clássica, Heloisa Fisher:

Num passado muito distante, a ópera era muito presente, em um tempo em que não havia distinção entre música clássica e música popular. Hoje, essas adaptações são muito vivas, têm muito a dizer. A ópera lida com emoção, sempre - a Carmen, por exemplo, tem mais de 100 anos -, e esse gênero continua a falar de sentimentos com música, tratando de temas da contemporaneidade ou do país, como é o caso da Domitila.



Serviço

Domitila, Ópera
Sexta-feira (19) às 20h, e Sábado (20), às 19h
Ingressos a R$ 50, com meia-entrada
Duração: 60 minutos
Classificação etária: 12 anos

Teatro Municipal
Rua Quinze de Novembro 35, Centro
Tel.: 2620-1624



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Publicado em 02/06/2013

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