Clique para ampliar
O Teatro Municipal recebe a partir de sexta-feira, 14 de março, a peça "A Natureza do Olhar", com Elisa Lucinda e Geovana Pires. Baseado no texto "Notas para a recordação de meu Mestre Caeiro", de Fernando Pessoa, o espetáculo retrata o diálogo entre Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, heterônimos criados pelo escritor português. A trama é uma prosa poética sobre as inquietações da alma humana. Supervisão de Amir Haddad. As apresentações acontecem nas sextas, sábados e domingos.

Fernando Pessoa é, sem dúvida, o mais representativo poeta do século XX. A figura enigmática que se tornou, movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra. Em seu mundo particular, criou em torno dele “poetas fictícios” com nome, data de nascimento, data de morte, profissões e, principalmente, estilos literários diferentes entre si. E, no decorrer de sua história, fez o que quis com esses personagens e teve a liberdade poética que nenhum outro poeta teve. O ponto de partida do espetáculo “A natureza do olhar” são os escritos de seu heterônimo Álvaro de Campos “Notas para a recordação de meu mestre Caeiro”.

Campos é o grande narrador e conta como Alberto Caeiro, outro heterônimo, agiu dentro de sua tumultuada alma, narra toda a sua alegria quando está na presença iluminada do mestre e a sua maior angústia ao saber da morte do mesmo. Com a simplicidade de um pastor - cujo rebanho são os próprios pensamentos - e com a naturalidade de um menino, Caeiro desconstrói as engenharias sensacionalistas e mentais de Álvaro e inaugura nele a “ciência do ver”. Trata-se de uma grande brincadeira feita por Fernando Pessoa.

Foto de Vantoen P. Jr.. Clique para ampliar
Quando abrir o pano, o que se verá é um leque de cenas mostrando o convívio diário e intimo de dois personagens diferenciados um do outro, críveis, reais, antagônicos, cúmplices, divertidos, doidos, emocionantemente carnais e, no entanto, habitantes da cabeça ficcionista de um gênio. E um gênio português.

Se engana quem pensa que se tratará de uma lúgubre atmosfera sobre um drama psicológico. Não. A dialética tecida por palavras e ações entre os dois personagens vividos pelas atrizes Elisa Lucinda e Geovana Pires é recheada de humor inteligente e tem a graça sutil e espontânea a compor a trama de uma prosa poética que dá conta das inquietações da alma humana. A platéia acompanha a dinâmica existencial entre um homem atormentado pelas sensações e um menino- homem-pastor-criança-mestre que ensina sem a pretensão de ensinar e desmonta não só a racionalidade urbana que escraviza e oprime o pensamento de Campos, como o faz também com o público.

Foto de Vantoen P. Jr.. Clique para ampliar



Serviço

A Natureza do Olhar, com Elisa Lucinda e Geovana Pires
Data: 14 a 23 de março
Horário: sextas e sábados às 21h e domingo às 19h
Duração: 90 minutos
Ingresso: R$ 60
Classificação Etária: Livre

Teatro Municipal de Niterói
Rua XV de Novembro 35, Centro
Tel: (21) 2620-1624

Tags:






Publicado em 02/03/2014

Com fotos de Magno Mesquita, Niterói é tema de mostra na Carlos Couto Leia mais ...
Ópera de Verdi é levada à cena no Theatro Santa Thereza Leia mais ...
O Theatro João Caetano que nasceu Santa Thereza Leia mais ...
A necessária reforma do Theatro João Caetano em 1903 Leia mais ...
Santa Thereza: A inauguração de um Teatro ENCERRADA
Santa Thereza: Niterói enfim ganhou um teatro à sua altura MEMÓRIA
Lenda 'Itapuca' no palco do Teatro Municipal João Caetano Leia mais ...
Burle Marx abre mostra de estudos para o Pano de Boca do Theatro Municipal ENCERRADA
Memória: E então foi inaugurado o Theatro de Santa Thereza Leia mais ...