No mês em que o Teatro Municipal de Niterói homenagia a mulher, a Sala Carlos Couto reverencia a Rainha do Chorinho, Ademilde Fonseca, com uma exposição que mostrará ao público a sua talentosa carreira, por meio de fotografias. A curadoria da mostra é de Teca Nicolau.

Ademilde Fonseca nasceu em 4 de março 1921, na localidade de Pirituba, então pertencente ao município de Macaíba, no Rio Grande do Norte. Atualmente, este lugarejo está jurisdicionado ao município de São Gonçalo do Amarante).

Ela foi a nona dos 11 filhos de Raimundo Ferreira da Fonseca (um capataz de equipe de conservação de estradas) e Maria Amélia da Fonseca (uma dona de casa e costureira) e recebeu o nome de Ademilde Ferreira.

Quando ela estava com 4 anos, a sua família se mudou para Natal, cidade onde ela viveu até os 20 anos e na qual começou sua carreira artística. Como Natal ainda não tinha uma estação de rádio, Ademilde cantou profissionalmente no "Indicador da Agência Pernambucana" (um serviço de alto-falantes) – e se tornou conhecida como "o Rouxinol de Natal".

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Em janeiro de 1941, já casada e com uma filha, mudou-se para o Rio de Janeiro e fez um teste com Renato Murce, na Rádio Clube do Brasil, no qual foi aprovada, cantando o samba "Batucada em Mangueira". Com este resultado, foi designada para atuar no programa "Papel Carbono". Aí começou sua ligação com o grande músico Benedito Lacerda, que passou a chamá-la para ir cantar em clubes e festas, atuando como crooner do seu famoso conjunto.

Pelas mãos de Lacerda e Braguinha, então diretor da gravadora Columbia, em 1942, gravou seu primeiro disco: de um lado, o 78 rpm trazia o chorinho "Tico-tico no fubá", composto em 1917 por Zequinha de Abreu, com letra de Eurico Barreiro, escrita em 1931, e, do outro, o samba "Volte pro morro" de Benedito Lacerda e Darci de Oliveira.

A partir do extraordinário sucesso na primeira gravação, Ademilde ganhou grande fama e o título de "Rainha do Chorinho", passando a ser procurada pelos compositores e poetas, para gravar, como choros ligeiros e com letras, suas composições já lançadas em versões instrumentais ou com outros estilos. Foi assim que várias composições, como "Apanhei-te cavaquinho", "Urubu malandro", "Dinorá" e "O que vier eu traço" se tornaram grandes sucessos populares, definitivos, clássicos, construindo o que se pode dizer ter sido o maior legado de Ademilde para a música brasileira: a popularização e a perpetuação do choro como gênero musical, uma vez que, antes dela, o choro era cultivado apenas no círculo hermético dos músicos, privilegiados com o gosto, o conhecimento e a memória musicais.



Em 1944, Ademilde deixou a Rádio Clube do Brasil, contratada pela Rádio Tupi, onde trabalhou até 1954, quando se transferiu para a Mayrink Veiga, logo depois, para a Rádio Nacional, em cujo cast permaneceu por 18 anos.

Sua extensa discografia compreende cerca de 400 gravações devidamente catalogadas no Acervo da Música Potiguar e, nela, destacam-se: "Apanhei- te cavaquinho", "Brasileirinho", "Delicado", o LP "La A Miranda" (uma belíssima releitura de sucessos de Carmem Miranda) e o LP "Ademilde Fonseca", de 1975.

Ademilde e Niterói

Alguns preciosos momentos da biografia de Ademilde Fonseca têm Niterói como cenário. Em 2002, participou, juntamente com Jamelão, do memorável espetáculo "Meu Ary Brasileiro" de lançamento das comemorações do centenário de nascimento de Ary Barroso, o qual foi realizado no Centro de Artes da UFF, com a Orquestra Sinfônica Nacional e outros artistas como Paulo Marquez e Violeta Cavalcante.

Ainda em 2002, para comemorar seus 60 anos de carreira profissional, Ademilde um show no Teatro Municipal de Niterói. Neste espetáculo, com a lotação esgotada e gente chorando na porta por não conseguir entrar para vê-la, foi acompanhada pelo grupo regional Noites Cariocas.

Em 2003, também no Teatro Municipal de Niterói, participou de uma encenação de passagens de sua vida. Na parte teatral. Dirigido por Evans de Brito, teve as participações de sua Anna Lúcia e de uma bisneta, Gabriella.

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De volta ao Municipal em 2008, Ademilde apresentou o show de abertura do Projeto "A hora do Rádio", uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, com a produção de Teca Nicolau, objetivando dar espaço aos artistas que fizeram grande sucesso no rádio durante as décadas de 1930, 40 e 50 e continuavam cantando até aquela época.

Em 2009, Ademilde participou, no Teatro Municipal de Niterói, juntamente com Jorge Goulart, Adelaide Chioso, Ellen de Lima e Roberto Paiva, do show "Quando eu me chamar saudade".

Por iniciativa do Vereador André Diniz, no dia 27 de abril de 2009, foi homenageada pela Câmara Municipal de Niterói com o título de Cidadã Honorária da cidade, pela sua digna e valiosa participação nas causas que contribuem para o continuado engrandecimento e progresso da Cidade de Niterói. Em 2013, Ademilde foi homenageada pela Câmara Municipal de Niterói com o "Certificado de Reconhecimento In Memoriam" cuja outorga lhe feita como parte das comemorações oficiais do "Dia das Mães" na cidade (48);

A Rainha do Choro



Em suas incontáveis apresentações, em todo o imenso território nacional e no exterior, levando o choro a todos os palcos, dos pomposos teatros até os simples espaços dos circos, dos restaurantes e das gafieiras, passando pelas praças públicas e campos de futebol, acompanhada por grandes orquestras sinfônicas ou pelos mais simples regionais, com grandes públicos ou com pequenas plateias, Ademilde sempre obteve grande sucesso.

Entre as dezenas dos seus troféus, placas, diplomas e outras honrarias, que podem ser apreciadas no "Museu Ademilde Fonseca" (em Conservatória), no "Museu da Imagem e do Som" (no Rio de Janeiro) e no "Instituto Leide Câmara – Acervo da Música Potiguar" (em Natal), destacam-se: o conjunto de "Diploma e Medalhas Pedro Ernesto" (a mais alta comenda concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro); a placa e o Diploma de Mérito que lhe foram oferecidos pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte; uma placa registrando o reconhecimento e a homenagem do Senado Federal pela sua contribuição à Cultura e à Música Popular Brasileira; a Medalha Roquette Pinto que lhe foi outorgada pelo Governo do Estado da Guanabara; e a homenagem que lhe foi prestada pelo Governo Estadual do Rio Grande do Norte, ao publicar o livro "A mulher potiguar - Cinco séculos de presença".

Em, 27 de março de 2012, faleceu a nossa "Rainha do Choro". Apenas 25 dias antes de sua morte, telefonou para a neta Anna Lúcia para lhe confiar o seguinte epitáfio, que acabara de escrever: "Na terra, vivemos todos os sentimentos. Na eternidade, vivemos a paz." E disse à neta, textualmente: "É assim que eu quero ser lembrada".

Com informações de seu biógrafo e genro Airton da Fonseca Barreto, que lança na terça-feira, 10 de março, na Sala Carlos Couto, o livro "Ademilde Fonseca, a Rainha do Chorinho".


Serviço
Exposição
Ademilde Fonseca, a Rainha do Chorinho
Abertura: dia 6 de março às 19h
Visitação: de 07/03 a 30/04/2015
De terças a sextas-feiras das 10h às 18h; Sábados e Domingos das 15h às 18h
Entrada Franca
Classificação etária: Livre

Sala Carlos Couto, anexo ao Teatro Municipal de Niterói
Rua XV de Novembro 35, Centro
Tel: (21) 2620-1624

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Publicado em 18/03/2015

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