Um dos grupos mais queridos da Mica Popular Brasileira está de volta com nova formação e show em Niterói, sexta e sábado, no palco do Teatro Municipal

São 50 anos juntos para exalar ideias, sons, vozes. Apresentados para o País em 1965, no programa O Fino da Bossa, comandado por Elis Regina, o MPB4, que se formou em Niterói, marcou a música brasileira e conquistou o público. Ano passado, o grupo perdeu o seu diretor musical e maestro Magro Waghabi, vítima de câncer. Miltinho (voz e violão), Aquiles (voz e percussão) e Dalmo (voz, violão e percussão) decidiram perpetuar a música de Magro e decidiram não parar. O trio convidou Paulinho Pauleira (voz e teclado) para integrar a banda e, nesta sexta e sábado, o novo quarteto apresenta pela primeira vez o show do novo CD Contigo Aprendi, às 21 horas, no Teatro Municipal de Niterói. A seguir, Miltinho conversa sobre o futuro do grupo.

Como surgiu a ideia de "Contigo Aprendi"?

Em 2010, começamos a gravar o CD. Escolhemos 11 boleros. Chamamos letristas brasileiros para fazerem letras para boleros muito conhecidos. Também convidamos o Duofel, o Quarteto Maogani, Toninho Horta e o Trio Madeira Brasil para participarem da gravação do CD. Cada um ficou com três faixas e ficou um trabalho muito bonito, fino, cool. Foi o último CD que o Magro fez com a gente. Tem ele cantando no disco. O Paulo, que começou a fazer shows ano passado e entrou no lugar dele, teve que ensaiar as músicas e não participa do álbum. O CD estava pronto desde junho de 2013. Mas, nessa época, o Magro foi internado e não saiu mais. Resolvemos fazer o lançamento esse ano e estamos viajando pelo Brasil.

Como é voltar aos palcos sem o Magro?

Muito difícil. Foi uma saída dramática. Tivemos que cumprir alguns compromissos da agenda os três, no ano passado. Com a morte do Magro, ficamos em dúvida se a gente continuaria, mas achamos que deveríamos continuar e, assim, perpetuar os arranjos dele.

Vocês homenageiam o Magro no show?

No dia seguinte da morte de Magro, o Paulo César Pinheiro, que também é meu parceiro, me mandou uma mensagem que era um poema chamado "Amigo do Peito". Ele disse que só eu poderia colocar música nela. Essa música abre o show. Mas todo o show é em homenagem a ele.

Como foi feita a seleção do repertório?

O repertório foi muito difícil de ser escolhido. Os boleros faziam muito sucesso na década de 50. Quando começamos a cantar, a gente gostava muito de ouvir boleros e os trios do gênero. Usamos a democracia para a escolha das músicas. Cada um votou no seu bolero preferido. Também escolhemos os boleros que íamos dar para os letristas.

Carlos Colla e Paulo César Pinheiro integram o time de grandes compositores que fizeram algumas versões para o CD. Como é a relação de parceria do MPB4 com esses mestres da música?

Temos uma relação muito próxima com muitos deles. O Paulo César Pinheiro é muito próximo de mim. Eu e Caetano (Veloso) nos encontramos pouco. A gente se fala mais por telefone e e-mail. Não temos uma relação estrita com todos, mas temos muito respeito com cada um. Eles fizeram letras lindas.

Como vai ser tocar no TMN?

No show, cantamos sete boleros. Não dava só para cantar música do CD. Cantamos músicas que marcaram nossa carreira. Mas entre as músicas que mais gosto do disco está aquela que dá nome ao CD porque eu mesmo fiz a letra e o arranjo. Tenho um carinho especial por ela. Para nós é muito bacana cantar em Niterói. A gente espera que o público que viu a gente nascer em Niterói vá nos ver. Deve ter uns oito ou seis anos que não tocamos no Municipal, que é lindo. Temos o maior carinho por esse espaço. A gente tenta agendar shows várias vezes no Teatro, mas a agenda deles é complicada. Portanto, vai ter um gostinho especial cantar nele.

Qual é o segredo para um grupo musical se manter por quase cinco décadas junto?

Começamos em 63. Com o golpe de 31 de março, tivemos que mudar o nome para MPB4. Profissionalmente contamos desde 65, quando a gente estreou no programa de Elis Regina. A gente atribui isso a uma afinidade de pensamentos. No começo da formação do grupo, nós tínhamos uma identidade política. Conheci o Magro na Universidade Federal Fluminense (UFF). A amizade se formou conforme a vida foi conduzindo a gente. Num determinado momento, como todo casamento, o Rui saiu. O Dalmo entrou no lugar dele e está há quase dez anos com a gente. Com a morte do Magro, pretendemos seguir com o MPB4, que praticamente se tornou uma marca. Vamos continuar tocando para o nosso público.

O Teatro Muncipal de Niterói fica na Rua XV de Novembro, 35, Centro. Horário: 21 horas. Ingressos a R$60. Informações: 2620-1624.

Por Luciana Azevedo para O Fluminense (09/05/2013)


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Publicado em 01/05/2013

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