Para marcar a passagem de seus 80 anos de idade, o icônico flautista e mestre do choro Altamiro Carrilho grava o seu primeiro DVD, nos dias 3 e 4 de agosto de 2005, quarta e quinta-feira, no Theatro Municipal de Niterói, com entrada franca.

Em um show descontraído, o "chorão" vai contar algumas histórias da música popular brasileira ao lado de seu selecionadíssimo e apurado repertório, que também traz arranjos de música clássica em ritmos brasileiros.

O DVD terá a participação especial de Proveta, Toninho Ferragutti, Cristovão Bastos, Mauricio Carrilho, Álvaro Carrilho, Zé da Velha e Silvério Pontes, Maria Teresa Madeira, Nicolas Krassik, Nilze Carvalho, Maurício Einhorn e Gilson Peranzzetta, Paulo Sérgio Santos, Bruno Rian e Déo Rian.

O artista

Fluminense de Santo Antônio de Pádua, nascido em 1924, Altamiro Carrilho tinha 5 anos quando um menino vizinho ganhou uma flauta de brinquedo e ele pediu "a Papai Noel" uma igual. Enquanto o outro não conseguia ir além de garranchos sonoros, Altamiro, logo no primeiro dia, descobriu as utilidades dos furinhos, trancou-se no quarto e saiu de lá tocando a primeira marchinha.

Até que um carteiro começou a ensinar um pouco sobre a flauta para Altamiro. Ele havia ficado impressionado com seu desempenho numa limitada flautinha de bambu. "Eu não posso esquecer o nome do carteiro, Joaquim Fernandes, morava no bairro Covanca, em São Gonçalo. Apesar de não ser professor formado, me ensinou muita coisa sobre como lidar com a flauta", diz.

Altamiro passou por vários regionais, fundou o próprio e, inspirado na Lira de Aryon, assídua do coreto da pracinha de Santo Antônio de Pádua, fundou a bandinha do Altamiro. Durante dois anos e nove meses, em meados dos anos 1950, ela antecedia o Repórter Esso, na TV Tupi, aos sábados, com audiência máxima, a ponto de emplacar um milhão de cópias do maxixe Rio Antigo, em 1954. O próprio Altamiro era o autor, como o foi de vários temas que desfilam pelos CDs.

Além de flautista, compositor, band leader, Altamiro foi produtor, responsável pela explosão fonográfica do palhaço Carequinha para quem compôs o sucesso o bom menino, com Irany de Oliveira. Inquieto, sempre procurado novos ritmos, o autor do irônico "O Disco Enguiçou", do miscigenado "Eterno jovem Bach", do intrincado "Enigmático", Altamiro é o flautista do encorpado solo de "Meu caro Amigo", clássico de Chico Buarque e Francis Hime, cuja gravação original, de 1976, recapitula em estúdio, num dos DVDs, ao lado do compositor.

Sobre a frase "existem flautistas e existe Altamiro Carrilho", do consagrado colega de instrumento, o marselhês Jean Pierre Rampal, o gênio, com toda a sua humildade marcante, responde de forma simples: "O Rampal, não sei o por quê, quis diferenciar. Eu fiquei extremamente feliz quando soube que alguém como ele disse isso sobre mim. Sou um admirador da sua obra", diz Altamiro.

Hoje, aos 80 anos, o gênio da flauta possui 112 discos gravados e mais de 200 composições, números que buscam desenhar um pouco deste mito da música brasileira.

"Eu nunca pensei neste caso de ser um 'mito' ou um gênio. As pessoas que pensam nisso por mim. Sempre lutei muito pra conseguir tudo o que tenho hoje. Não lamento sobre o que não consegui, o segredo é trilhar um bom caminho. E é isso, o resto eu fico devendo", conta, aos risos, Altamiro Carrilho, o melhor amigo da flauta.


Serviço

Altamiro Carrilho grava o seu primeiro DVD
Data: Quarta e quinta-feira, 03 e de agosto de 2005
Horário: 20h
Entrada Gratuita
Classificação: Livre

Theatro Municipal de Niterói
Rua XV de novembro, 35, Centro, Niterói
Tel: 2620-1624


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Publicado em 02/07/2024

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