Conforme fora anunciado, realizou-se no sábado com animada concorrência pública, no Theatro João Caetano, um festival organizado pela companhia de dramas, comédias, operetas e revistas, dirigida pelo ator Carlos Pestana.

Esta companhia fez uma excursão pelo interior deste Estado, exibindo-se em Campos onde gozou de agradável aceitação; de volta da sua viagem, ei-la de novo entre nós, tendo comemorado a data de 7 de Setembro com a representação do drama em 5 atos, original do escritor Adolphe D'Ennery, 'A Tomada da Bastilha'.

Essa peça conhecidíssima de todas as plateias, baseia-se na luta dos operários contra a aristocracia, tema esse desenvolvido com os sucessos havidos por ocasião da revolução francesa.

A companhia procurou acercar-se de simpatias, e, o ensejo da data de 7 de Setembro, fê-la com que honrassem o espetáculo, o presidente da Câmara Municipal, comissão do corpo de polícia, autoridades do município, comando do 38º, etc.

O teatro esteve galhardamente enfeitado, vendo-se em todos os camarotes escudos simbolísticos, onde estavam estampados os nomes dos Estados e de notabilidades da política republicana.

Num dos camarotes lá estava a bandeira da S. M. União Fraternal; essa sociedade concorreu com o seu auxílio para essa comemoração, bem como a banda de música do 38º batalhão de infantaria que também preencheu intervalos com escolhidas peças.

Às 8h30, depois de executado o hino nacional, deram começo ao espetáculo.

O primeiro ato correu um tanto frio, sem animação, o que era natural tratando-se de uma estreia; tal porém não aconteceu com os demais que foram sinceramente aplaudidos.

A companhia não sendo de notabilidades artísticas, nem fulgurando nela estrelas, tem uma disposição homogênea, o que faz com que agradem os seus espectadores.

Regularmente ensaiados não houve muitas vacilações; demais a peça é das tais que tem a marca dos aplausos nas falas julgadas infalíveis.

Cardozo da Motta (Guilherme Landy) lhe coube o principal papel, foi bem nas cenas em que se debatia na firmeza das suas comoções contra o ataque da nobreza; agradou, embora lhe faltasse por vezes a meiguice de um galã apaixonado. O almirante Franville foi entregue a J. Veiga, ator português, que o interpretou com segurança; de Matheus o Jangada se incumbiu o Carlos Pestana, que fez um marinheiro velho, à valer, com boas pernas para subir ao mastaréu, e com boa garganta para gritar, quando se vê em apuros.

A marquesa de Verneuil, foi confiada a d. Julia Lima, que se conservou sempre na linha da alta nobreza, agradou a interpretação que deu; achamo-la fraca na ocasião do enobrecimento de sua filha Rosália, papel este, bem interpretado pela sra. Amélia Pestana.

Reservamos para o fim o ator Lino Rabello (conde de Belmove) a quem enviamos saudações pela boa interpretação que deu ao papel de cynico; agradou bastante, o que prova a sua tenacidade artística: - cômico dramática.

Fechamos esta notícia dando parabéns à companhia que tão dignamente festejou a data de 7 de Setembro, esperando vê-la por muito tempo entre nós.


Publicado originalmente em O Fluminense, a 10 de setembro de 1901
Pesquisa e edição de Alexandre Porto


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Publicado em 17/10/2024

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