A segunda récita do já querido Clube Costa Velho, realizado no último sábado passado, 8 de setembro de 1900, foi um verdadeiro acontecimento artístico. Reapresentando-se a espirituosa comédia do dramaturgo francês Eugène Labiche "A Herança de um Tio Russo", traduzida pelo ator
José Carlos dos Santos. Foi um sucesso colossal, uma verdadeira apoteose de arte.
Paiva Júnior deu-nos um magnífico Leonardo Tierry, trazendo em constante hilaridade a plateia. O Paiva estava no seu gênio e em um galã cômico ninguém pode com ele. Serpa Júnior no honrado Alberto Thierry acompanhou bem de perto o Paiva, pois desempenhou o papel de que fora encarregado com maestria.
Leopoldo Fróes deu um furo! O diabo do menino parece querer destronar todos os atores de nomeada e por isso quando adquirir experiência e prática de cena será talvez o nosso primeiro galã. Leopoldo disse magnificamente seu papel de De Cerny, um sujeito fútil, verdadeiro bobo alegre que leva toda a existência a tratar de corridas de cavalos. A plateia aplaudiu-o delirantemente.
Também mereceram elogios os amadores
Paulo Aguiar,
Arthur Pontes,
Eduardo Peixoto e
Aristides Santos que desempenharam corretamente os seus papéis.
Eponina Greenhalgh mostrou ser uma amadora distintíssima pelo realce dado ao papel de Heloísa de Valency. O mesmo diremos de
Carmélia Tibau, uma Lúcia Duparc adorável.
A nossa admiração sobretudo pairou sobre a
mise-en-scêne e marcação da peça. Última palavra! ...
Seguiram à comédia a 'Canção do Aventureiro' da ópera do Guarani, discretamente cantada pelo barítono amador
João Serpa; 'A Morta Galante' poesia pelo
Leopoldo Fróes, nosso primeiro amador
diseur e a 'Costureirinha', cançoneta pelo pai do clube, o
Costa Velho, que foi admiravelmente cantada e que muito agradou.
A orquestra sob a regência do maestro
Guilherme Brito FerQnandes deliciou os associados com as magníficas composições d'aquele inspirado maestro.
Em um dos intervalos a diretoria do clube ofereceu aos seus convidados delicada mesa de doces. Ο brinde à imprensa foi erguido pelo dr. Alfredo Borges Guimarães, secretário do clube. Agradeceram Ernesto Paixão e Martins Teixeira Júnior.
Eugène Labiche (Paris, 6 de maio de 1815 - 23 de janeiro, 1888) foi um dramaturgo e escritor francês. Autor de várias comédias, vaudevilles e farsas nas quais satirizou os costumes da sociedade francesa do século XIX, particularmente a burguesia. Em 1880 foi nomeado membro da Academia Francesa.
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