Após quatro anos de obras,. museu que mudou a paisagem da Praia da Boa Viagem, será inaugurado amanhã com festa.
Finalmente, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) vai decolar. Depois de quatro anos de espera, o imenso disco voador pousado no Mirante da Boa Viagem abre suas portas para os niteroienses. Amanhã, às 16h, o MAC será inaugurado pelo prefeito João Sampaio e pelo futuro diretor do museu, Ítalo Campofiorito. em uma solenidade que deverá contar com a presença do ministro da Cultura, Francisco Weffort, do arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto, do senador Darcy Ribeiro e do embaixador José Aparecido.
Amanhã, os moradores poderão conhecer por dentro o que só viam de longe. O MAC já exibe uma pequena parte - 120 telas, gravuras e esculturas de um total de mil peças da coleção de João Sattamini, considerada a segunda maior do pais, em arte contemporânea.
O restaurante e o bar do museu ainda não estão prontos, assim como o auditório, com 60 lugares. Nos primeiros meses. o ingresso será gratuito, mas a partir de novembro, começa a ser cobrada entrada de RS 2. Mas a direção do MAC planeja tornar a entrada gratuita em um dia da semana. O museu poderá ser visitado de terça-feira a domingo, das 13h às 21h.
Simbolo - "Niterói está ganhando um novo símbolo", afirma. orgulhoso, o prefeito João Sampaio, que tem feito visitas quase diárias ao museu. "Eu gosto muito desse projeto do Niemeyer. Além da beleza externa, o espaço interno é muito bem aproveitado", analisa Sampaio, que também é arquiteto.
Na última semana, cerca de 120 operários trabalharam em ritmo frenético, dando os reto finais para que tudo corra bem amanhã. A pintura em vermelho rubi da rampa de acesso ao museu, a colocação do espelho d'água em torno do prédio e cuidados nos jardins da praça interna foram os acertos de última hora.
No lado de dentro, as peças da coleção João Sattamini foram distribuídas pelos três espaços de exposição. Acompanhando de perto toda a operação. Dóra Silveira, diretora do Museu An tônio Parreiras, no Ingá, onde estava toda a coleção Sattamini, comemorava a exposição inaugural do MAC. "Com 120 obras, vamos mostrar um panorama da arte brasileira desde a década de 50", contou Dóra. O curador da exposição é o critico de arte Reinaldo Roels.
Conselho - Além da presidência - o ex-secretário de Cultura de Niterói Ítalo Campofiorito será nomeado amanhã -, o museu terá um conselho com aproximadamente 19 membros, ainda não escolhidos. Serão criados quatro departamentos: museologia, educação, pesquisa e administração.
Ítalo Campofiorito já sonha em transformar o museu em um ponto de discussões culturais. "Poderemos debater temas como o modernismo e a arte contemporânea", diz. Ítalo acrescenta, porém, que os próximos passos do museu ainda não estão definidos. "Temos uma exposição, um museu e um público. Vamos ver qual será o resultado dessa receita. A principio, vamos deixar a primeira mostra até o ano que vem". explica.
Os primeiros meses, segundo Ítalo, serão usa dos para a apresentação do MAC a seus visitantes e inicio de futuros projetos, como convênios com museus do Brasil e do exterior. "Tudo isso é possível e provável. Mas o conselho precisa discutir e definir o que vamos fazer, sempre tendo em mente que não há razão para sermos inflexíveis. Na arte, qualquer certeza absoluta é prejudicial", afirma Ítalo.
Coleção reúne obras de Di Cavalcanti, Volpi, Iberê e Shiró
"A coleção de João Sattamini é representativa de toda a arte brasileira contemporânea desde os anos 50", define Reinaldo Roels, curador das obras leva das para o MAC. Segundo Reinaldo, a exposição, com 120 peças, é bastante variada. Até o inicio do próximo ano, outras obras da coleção de mil peças de Sattamini deverão ser expostas no MAC. "Como a coleção é bem vasta e ficará em cartaz por muito tempo, é possível fazer um revezamento, sem repetir nenhum titulo. Até esgotar a coleção", diz o cura dor. Para ele, é difícil destacar qualquer peça. "Acho que o próprio conjunto da coleção é notável", afirma.
A arquitetura do museu vai facilitar a observação das peças. Com um grande salão central e dois corredores circulares, o visitante poderá ter uma noção da arte contemporânea. "O bom é que não temos labirintos ou salas escondidas", elogia Reinaldo.
Para o curador, os quadros em grande escala no salão central de artistas como Antônio Dias, Jorginho Guinle, Leda Catunda e Ivan Serpa - deverão ser os principais atrativos para os visitantes. As telas têm, em média, 3 metros de altura por 4 de comprimento.
A coleção de João Sattamini foi iniciada nos anos 60, reunindo as mais importantes correntes na arte do pais, como a abstração dos anos 50, o geometrismo, o concretismo e o neo-concretismo. Entre os autores, nomes consagrados como Iberê Camargo, Flávio-Shiró, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Jorge Duarte, Lygia Pape. Mauricio Bentes e Farnese de Andrade.
Arte e Concreto
■ Na construção do museu foram utilizados 3.200 metros cúbicos de concreto (o suficiente para levantar um prédio de 10 anda res)
■ Os janelões do MAC consumiram 70 lâminas de vidro tríplex. Exclusivamente fabricadas para o museu, as lâminas têm 18 milímetros de espessura.
■ O piso interno do museu foi revestido com 4 mil metros quadrados de carpete azul.
■ O MAC será iluminado com 36 faróis de avião, planejados para dar a impressão de que o prédio está dez metros acima do chão.
■ A subestação de energia do museu será alimentada com 800 quilowatts de força (o dobro da potência do equipamento usado no Teatro Municipal).
■ As obras de arte serão ilumina das por 400 lâmpadas
■ A pintura da parte externa do museu consumiu 100 baldes de tinta acrílica pura. A cúpula foi impermeabilizada e recebeu trata mento térmico com material alta mente resistente - o mesmo utilizado nos foguetes da NASA.
■ Durante as escavações, foram retiradas 5.500 toneladas de terra. no Mirante da Boa Viagem.
■ A estrutura do MAC é capaz de suportar um peso equivalente a 400 quilos por metro quadrado. além de ventos com velocidade de até 200 quilômetros por hora.
Luiz Eduardo Garcia para o Jornal do Brasil, 01 de setembro de 1996
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Oscar Niemeyer: MAC, debruçado sobre a Baía
A História do Início, por Ítalo Campofiorito
Projeto de museu em Niterói
Exposição "A Caminho de Niterói", no Paço Imperial
O Novo voo de Niemeyer
Niterói na vanguarda da arte
Um fenômeno do outro lado da baía
"Arquitetura na cidade contemporânea", por Ruy Ohtake
Bem-vindos ao MAC
Publicado em 15/10/2021
Finalmente, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) vai decolar. Depois de quatro anos de espera, o imenso disco voador pousado no Mirante da Boa Viagem abre suas portas para os niteroienses. Amanhã, às 16h, o MAC será inaugurado pelo prefeito João Sampaio e pelo futuro diretor do museu, Ítalo Campofiorito. em uma solenidade que deverá contar com a presença do ministro da Cultura, Francisco Weffort, do arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto, do senador Darcy Ribeiro e do embaixador José Aparecido.
Amanhã, os moradores poderão conhecer por dentro o que só viam de longe. O MAC já exibe uma pequena parte - 120 telas, gravuras e esculturas de um total de mil peças da coleção de João Sattamini, considerada a segunda maior do pais, em arte contemporânea.
O restaurante e o bar do museu ainda não estão prontos, assim como o auditório, com 60 lugares. Nos primeiros meses. o ingresso será gratuito, mas a partir de novembro, começa a ser cobrada entrada de RS 2. Mas a direção do MAC planeja tornar a entrada gratuita em um dia da semana. O museu poderá ser visitado de terça-feira a domingo, das 13h às 21h.
Simbolo - "Niterói está ganhando um novo símbolo", afirma. orgulhoso, o prefeito João Sampaio, que tem feito visitas quase diárias ao museu. "Eu gosto muito desse projeto do Niemeyer. Além da beleza externa, o espaço interno é muito bem aproveitado", analisa Sampaio, que também é arquiteto.
Na última semana, cerca de 120 operários trabalharam em ritmo frenético, dando os reto finais para que tudo corra bem amanhã. A pintura em vermelho rubi da rampa de acesso ao museu, a colocação do espelho d'água em torno do prédio e cuidados nos jardins da praça interna foram os acertos de última hora.
No lado de dentro, as peças da coleção João Sattamini foram distribuídas pelos três espaços de exposição. Acompanhando de perto toda a operação. Dóra Silveira, diretora do Museu An tônio Parreiras, no Ingá, onde estava toda a coleção Sattamini, comemorava a exposição inaugural do MAC. "Com 120 obras, vamos mostrar um panorama da arte brasileira desde a década de 50", contou Dóra. O curador da exposição é o critico de arte Reinaldo Roels.
Conselho - Além da presidência - o ex-secretário de Cultura de Niterói Ítalo Campofiorito será nomeado amanhã -, o museu terá um conselho com aproximadamente 19 membros, ainda não escolhidos. Serão criados quatro departamentos: museologia, educação, pesquisa e administração.
Ítalo Campofiorito já sonha em transformar o museu em um ponto de discussões culturais. "Poderemos debater temas como o modernismo e a arte contemporânea", diz. Ítalo acrescenta, porém, que os próximos passos do museu ainda não estão definidos. "Temos uma exposição, um museu e um público. Vamos ver qual será o resultado dessa receita. A principio, vamos deixar a primeira mostra até o ano que vem". explica.
Os primeiros meses, segundo Ítalo, serão usa dos para a apresentação do MAC a seus visitantes e inicio de futuros projetos, como convênios com museus do Brasil e do exterior. "Tudo isso é possível e provável. Mas o conselho precisa discutir e definir o que vamos fazer, sempre tendo em mente que não há razão para sermos inflexíveis. Na arte, qualquer certeza absoluta é prejudicial", afirma Ítalo.
Coleção reúne obras de Di Cavalcanti, Volpi, Iberê e Shiró
"A coleção de João Sattamini é representativa de toda a arte brasileira contemporânea desde os anos 50", define Reinaldo Roels, curador das obras leva das para o MAC. Segundo Reinaldo, a exposição, com 120 peças, é bastante variada. Até o inicio do próximo ano, outras obras da coleção de mil peças de Sattamini deverão ser expostas no MAC. "Como a coleção é bem vasta e ficará em cartaz por muito tempo, é possível fazer um revezamento, sem repetir nenhum titulo. Até esgotar a coleção", diz o cura dor. Para ele, é difícil destacar qualquer peça. "Acho que o próprio conjunto da coleção é notável", afirma.
A arquitetura do museu vai facilitar a observação das peças. Com um grande salão central e dois corredores circulares, o visitante poderá ter uma noção da arte contemporânea. "O bom é que não temos labirintos ou salas escondidas", elogia Reinaldo.
Para o curador, os quadros em grande escala no salão central de artistas como Antônio Dias, Jorginho Guinle, Leda Catunda e Ivan Serpa - deverão ser os principais atrativos para os visitantes. As telas têm, em média, 3 metros de altura por 4 de comprimento.
A coleção de João Sattamini foi iniciada nos anos 60, reunindo as mais importantes correntes na arte do pais, como a abstração dos anos 50, o geometrismo, o concretismo e o neo-concretismo. Entre os autores, nomes consagrados como Iberê Camargo, Flávio-Shiró, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Jorge Duarte, Lygia Pape. Mauricio Bentes e Farnese de Andrade.
Arte e Concreto
■ Na construção do museu foram utilizados 3.200 metros cúbicos de concreto (o suficiente para levantar um prédio de 10 anda res)
■ Os janelões do MAC consumiram 70 lâminas de vidro tríplex. Exclusivamente fabricadas para o museu, as lâminas têm 18 milímetros de espessura.
■ O piso interno do museu foi revestido com 4 mil metros quadrados de carpete azul.
■ O MAC será iluminado com 36 faróis de avião, planejados para dar a impressão de que o prédio está dez metros acima do chão.
■ A subestação de energia do museu será alimentada com 800 quilowatts de força (o dobro da potência do equipamento usado no Teatro Municipal).
■ As obras de arte serão ilumina das por 400 lâmpadas
■ A pintura da parte externa do museu consumiu 100 baldes de tinta acrílica pura. A cúpula foi impermeabilizada e recebeu trata mento térmico com material alta mente resistente - o mesmo utilizado nos foguetes da NASA.
■ Durante as escavações, foram retiradas 5.500 toneladas de terra. no Mirante da Boa Viagem.
■ A estrutura do MAC é capaz de suportar um peso equivalente a 400 quilos por metro quadrado. além de ventos com velocidade de até 200 quilômetros por hora.
Luiz Eduardo Garcia para o Jornal do Brasil, 01 de setembro de 1996
LINKS
Oscar Niemeyer: MAC, debruçado sobre a Baía
A História do Início, por Ítalo Campofiorito
Projeto de museu em Niterói
Exposição "A Caminho de Niterói", no Paço Imperial
O Novo voo de Niemeyer
Niterói na vanguarda da arte
Um fenômeno do outro lado da baía
"Arquitetura na cidade contemporânea", por Ruy Ohtake
Bem-vindos ao MAC
Publicado em 15/10/2021