Área: 1,22 km2
População: 7162 habitantes (IBGE 2000)
Localizado na Península da Armação, a Ponta D’Areia, por sua posição geográfica, encontra-se diretamente vinculada às águas da Baía de Guanabara, tendo com o continente apenas as áreas limítrofes com os bairros do Centro e de Santana.
Próximo ao Centro de Niterói, o bairro tem forte presença da imigração portuguesa e abriga um pequeno trecho turístico chamado "Portugal Pequeno", que contrasta com o perfil industrial e operário do bairro.
É composto na maioria de casas residenciais, com forte perfil operário, pois o bairro abriga vários estaleiros navais. Estas apresentam padrão construtivo predominante do tipo médio degradado, com espacialização horizontal, especialmente na
Vila Pereira Carneiro. O comércio de primeira necessidade localiza-se na entrada da Vila Pereira Carneiro e o especializado em produtos náuticos e oficinas afins nas ruas que margeiam a Baía de Guanabara - especialmente a Miguel Lemos e a Barão de Mauá.
O bairro também abriga o tradicional mercado público de pescado, o Mercado São Pedro. Dominante na paisagem, o Morro da Penha abriga uma antiga comunidade ao redor da Igreja Nossa Senhora da Penha, tombada em 1997 pelo município.
A Armação
A Península da Armação, desde os primórdios da colonização, contribuiu de maneira relevante para a economia nacional. O local é citado no livro de Jorge Caldeira sobre Irineu Evangelista de Souza, Barão e depois Visconde de Mauá, e foi mencionado também por Barbosa Lima Sobrinho em recente artigo no "Jornal do Brasil": ...nas oficinas da Ponta de Areia.... O futuro Visconde de Mauá dera um grande alento à indústria de construção naval brasileira".
O nome Armação está relacionado à pesca ("armar" os barcos) e ao esquartejamento de baleias, já que a península foi importante porto baleeiro. A vocação industrial veio depois, e com as oficinas de material bélico da Marinha e estaleiros.
Após as obras de urbanização da Vila Real, ordenaram-se os acessos à Armação e Ponta D’Areia, agilizando a ligação com o Centro da cidade.
No século passado, em um estaleiro que ali funcionava, construíram-se barcos a vapor, caldeiras e peças fundidas em ferro. Posteriormente, na época de Irineu Evangelista de Sousa, Barão e Visconde de Mauá, a indústria diversificou-se e passou a produzir vários equipamentos, alguns incluídos no Catálogo de Produtos Industriais da Exposição Nacional de 1861 e mais tarde enviados à Exposição Universal, em Londres. Mauá, um empreendedor, chegou a empregar centenas de operários em suas instalações que construíram vários navios, entre eles o "Marquês de Olinda". Com a mudança da política econômica que facilitou a entrada de produtos estrangeiros, veio a falência. Mauá, precursor da industrialização brasileira, é homenageado com nome de rua e do estaleiro sediado na Ponta D'Areia.
Outra empresa que marcou época na economia fluminense, estabelecida também na Ponta D'Areia, foi a Companhia de Comércio e Navegação, de Pereira Carneiro e Cia. Ltda. Possuidora de importante frota de cabotagem e de grandes armazéns gerais, também negociava com sal. Foi desta companhia o dique Lahmeyer, o mais sólido do mundo por ter sido cavado em rocha e que durante muito tempo foi o maior da América do Sul. O dique era usado para manutenção da frota própria e também atendia a outras empresas. O Conde Pereira Carneiro, principal acionista da Companhia de Comércio e Navegação, também construiu a vila que leva o seu nome, existente até hoje. A vila operária foi criada com fins sociais - casas higiênicas (com instalações sanitárias) com aluguel módico, escola e até uma capela - para os empregados da empresa. Atualmente a
Vila Pereira Carneiro está incorporada ao patrimônio arquitetônico da cidade.
Revolta da Armada
Em 1893 a Ponta da Armação entrou definitivamente para a história nacional quando, na chamada Revolta da Armada, tropas amotinadas contra o governo do Presidente Floriano Peixoto, comandadas por Custódio de Melo, apoderaram-se de toda munição existente no então Laboratório Pirotécnico da Marinha - que lá funcionava. Apesar do revés inicial, tropas fiéis ao Presidente resistiram em vários pontos da cidade até a vitória. Niterói passou a ser denominada "Cidade Invicta" por alguns historiadores.
Complexo Naval da Ponta da Armação
O Espaço de Memória Histórica da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil localiza-se no andar térreo da Casa d'Armas da Ponta da Armação, que pertence a um patrimônio arquitetônico construído entre os anos de 1644 e 1666, em pleno período do Brasil Colônia.
É neste Espaço que se guardam muitas preciosidades como: maquetes, fotos, documentos, entre outros, referentes à saga histórica da Hidrografia brasileira, compreendendo a evolução da Cartografia Náutica, da Oceanografia, da Meteorologia, da Segurança da Navegação, da Sinalização Náutica e da Pesquisa Científica na Antártica.
Portugal Pequeno
Trecho turístico do bairro da Ponta d'Areia com casarões restaurados abrigando bares e restaurantes, Portugal Pequeno é uma localidade no bairro de Ponta d'Areia, junto às águas da Baía de Guanabara, que sobreviveu às grandes mudanças sociais ocorridas ao longo do tempo. Trata-se de uma área marcada pela presença da imigração portuguesa na cidade, além de uma vigorosa comunidade de pescadores.
A revitalização da região, realizada em 1998, partiu de uma proposta que envolveu a Prefeitura de Niterói, a comunidade, além do próprio governo português, interessados na recuperação do patrimônio arquitetônico e urbano do bairro. O projeto de revitalização coincidiu com as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, durante a realização do evento
Encontro com Portugal. As transformações no espaço foram: o asfalto foi substituído por paralelepípedos; o calçamento teve de volta as pedras portuguesas; as casas à beira-mar receberam novas cores; construção de uma praça com desenho inspirado na cruz de Malta; construção de quiosques; melhoria na área do deque, com a instalação de bancos.
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