Área: 1,31 km2
População: 8209 habitantes (IBGE 2000)
São Lourenço é um marco na história de Niterói e andar por suas ruas é retornar ao passado. A reação aos franceses que invadiram a Baía de Guanabara, em 1555, originou o povoamento na área. Na luta sobressaíram-se Estácio de Sá, Mem de Sá e o Cacique Araribóia, chefe dos índios da tribo Temiminós. Expulsos os franceses e por sua lealdade aos portugueses, Araribóia ganhou uma sesmaria nas terras onde seria erguida a cidade de Niterói. Ao instalar-se nelas, escolheu o morro de São Lourenço para construir o seu aldeamento principal devido a visão estratégica da Baía, possibilitando vigilância constante.
No bairro está a mais antiga igreja da cidade, a Igreja de São Lourenço dos Índios, localizada no outeiro do mesmo nome. O seu altar — com a estrutura quase toda em pau-brasil — e o seu piso, são ainda originais da época da construção. Segundo consta, a igreja foi erigida em 1627. A princípio existia uma capela cuja construção foi iniciada no século XVI pelo jesuíta Braz Lourenço. Sendo um dos mais belos templos em estilo colonial do país, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Dois túneis subterrâneos que existiam sob a Igreja foram destruídos na década de 60.
Já se tornou tradição todos os anos, no dia 22 de novembro, comemorar com missa nesta igreja o aniversário de fundação de Niterói. Nesta data, em 1573, o Cacique Araribóia, já então batizado com o nome de Martim Afonso de Souza, tomou posse oficialmente da Sesmaria que lhe foi doada (1).
No alto do morro de São Lourenço, no largo em frente a igreja, os índios enterravam os seus mortos. Por isso o local foi batizado pelo povo de Cemitério dos Caboclos. A Freguesia de São Lourenço progrediu e estendeu-se aos poucos, sendo ocupadas por fazendas de cana-de-açúcar, mandioca, fumo e outras culturas, porém o progresso que vinha do outro lado da Baía de Guanabara iria ocorrer, preferencialmente, na parte mais plana, em locais facilmente alcançáveis por mar.
No séc. XIX, com a política de expulsão dos jesuítas da metrópole e colônias adotadas pelo Marques de Pombal, a Aldeia de São Lourenço era o único local, próximo ao Rio de Janeiro, onde ainda se encontravam remanescentes das tribos indígenas. Estes viviam da pesca, da caça e da coleta de frutos abundantes e também teciam e produziam cerâmicas. Esses índios, com o processo de aculturação, aos poucos foram absorvendo a cultura e as profissões dos colonizadores europeus. A população da aldeia foi progressivamente diminuindo até que, em 1866, o Governo Provincial decide extinguir o povoado.
A enseada de São Lourenço, com o passar dos anos, foi se tornando cada vez mais rasa não só pelo acúmulo de lodo, como também pelo papel de vazadouro de lixo da cidade que cumpria.
Com o projeto de construção de um cais, a área foi finalmente aterrada, inaugurando-se o Porto de Niterói (2) na década de vinte, cuja área atual pertence parte ao bairro de Santana, parte à Ponta D’Areia.
Da enseada de São Lourenço até Maruí havia, outrora, empresas industriais e comerciais variadas. Na rua São Lourenço (3), importantes estabelecimentos comerciais (atacadistas) e industriais instalaram-se graças a proximidade do porto e da ferrovia.
(1) Mem de Sá, Governador Geral do Brasil, preocupado com a defesa do Rio de Janeiro, tomou uma série de medidas após a expulsão dos franceses, entre elas a ocupação da Banda D'Além (como chamavam Niterói na época), daí a doação de uma Sesmaria a Martim Afonso de Souza.
(2) "O movimento do porto consistia, principalmente, na exportação de café para o exterior e do açúcar de Campos para portos nacionais. Era utilizado, igualmente, na importação de madeiras e trigo, mas seu movimento sempre foi pequeno". WEHRS, p. 134. Atualmente a área do porto e da estação ferroviária é hoje ocupada por um estaleiro de reparos navais.
(3) Sua ligação com o Centro se fazia diretamente pela rua do Imperador.
Fonte: Niterói-Bairros - Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Niterói - 1991
ÍNDICE DOS BAIRROS DE NITERÓI
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