Cap. 21 - 'Niterói em Três Tempos', por Heitor Gurgel

Reide Campos - Niterói - Não se falava noutra coisa, na Terra Goitacá e em Niterói. Os dois diários niteroienses abriram manchetes para noticiar a sensacional prova esportiva. No dia aprazado, 2 de setembro de 1926, largaram os concorrentes da Praça São Salvador, rumo à capital do Estado. Eram cerca de 900 quilômetros a percorrer e inúmeros tropeços a vencer. Finalmente, no dia 10, os automobilistas chegaram à Praça Martim Afonso, depois de viajarem 131 horas, fazendo o percurso frisavam os jornais apenas em 8 dias!

Para tanto, os motoristas tiveram que fazer até aterros em alagadiços, consertar pontilhões e vencer atoleiros, atravessando 28 estradas carroçáveis. Acompanhou os 15 concorrentes uma ambulância com um médico e enfermeiro. Após a triunfante chegada a Niterói, os automobilistas de Campos foram recebidos pelo Presidente do Estado, que os felicitou pelo extraordinário sucesso.

1º Circuito de Niterói - Espicaçados pelo feito dos campistas, os automobilistas niteroienses resolveram fazer também a sua prova de fogo e a 31 de outubro do mesmo ano de 1926, em carros de fabricação americana, estrearam as estradas macadamizadas que ligavam diversos bairros à Praça Martim Afonso. Era o 1º Circuito Automobilístico de Niterói cujo percurso Ponto das Barcas-Saco de São Francisco, ida e volta, sempre beirando o mar, exceto no trecho de São Domingos, foi coberto em pouco mais de 1 hora, sem acidente algum. Niterói esportiva rejubilou-se com o feito.

Presente de Natal - No dia 22 de dezembro de 1927 era inaugurado o Porto de Niterói, com a presença do Presidente da República Washington Luís. Para a construção do cais haviam sido feitas drenagens de mais de 1.700.000 metros cúbicos que como as obras civis do porto, foram inteiramente custeadas pelo erário estadual. O porto, justificou em discurso o Presidente Feliciano Sodré, foi construído especialmente para escoar o café do Norte do Estado, que era onerado com as despesas de transportes entre Niterói e o Rio de Janeiro, a fim de ser embarcado para o estrangeiro.

Essa despesa e uma sobretaxa cobrada pelo porto da Capital Federal, oneravam o café fluminense, tornando-o de custo mais alto que os cafés paulistas e mineiros. E mal o Presidente Sodré acabava seu discurso, eis que chega seu secretário de Finanças com um telegrama recebido, minutos antes, do governo do Estado do Espirito santo, confirmando que assinaria contrato com o governo fluminense para utilizar o Porto de Niterói como escoadouro do café capixaba.

Infelizmente, o Governo Federal não concluiu a dragagem do canal de acesso ao porto, de custo vultoso para as finanças estaduais: por isso só podiam ter acesso ao porto de Niterói navios de pequeno e médio calado.

Novo Bispo Diocesano Em 1938, a 20 de maio assumia a diocese de Niterói o Bispo D. José Pereira Alves, transferido de Natal. O novo bispo diocesano, por ocasião das grandes homenagens que lhes foram prestadas, recebeu um "Livro de Ouro com a assinatura dos elementos mais representativos da família católica fluminense. No Álbum havia uma poesia do poeta fluminense Alberto de Oliveira, que fora o portador do livro.


Publicado originalmente no jornal O Fluminense em 30 de novembro de 1973

Na imagem de capa, Bispo D. José Pereira Alves no Colégio Salesianos (Revista 'O Malho' (1928).


Série Niterói em três tempos








Publicado em 24/03/2023

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