Inaugurada a 15 de dezembro de 1946, no antigo Jardim Icaraí, hoje Praça Getúlio Vargas, a estátua em homenagem ao interventor Almirante Ary Parreiras é uma obra do escultor fluminense Honório Peçanha. A figura confeccionada em bronze, que mede 2,5m de altura, está assentada sobre um pedestal de granito também de 2,5 metros. A inscrição assinala: "Almirante Ary Parreiras - Marinheiro - Cidadão - Patriota - Guia Espiritual pelos exemplos morais - Homenagem do povo - 17.IV.1893 - 9.VII.1945".
O monumento foi custeado por subscrição popular, por meio de uma campanha liderada por uma comissão popular, iniciada logo após a morte do homenageado. Cada um dos componentes da comissão ficou responsável por uma lista para contribuições, indicadas pelo desembargador Ferreira Pinto e por Ernesto Imbassay de Melo.
Coube a Honório Peçanha, um dos melhores amigos do homenageado, realizar o monumento. Amigos de longa data privaram de intimidade. Quando em 1940 Honório Peçanha foi julgado pelo Estado Novo, sob a acusação de tentar reorganizar o Partido Comunista, Ary Parreiras foi uma de suas principais testemunhas de defesa. A arte de Honório era substancialmente sóbria, honesta, exata, exatamente por isso, seu monumento é simples, majestoso, sem pompa.
A Revista Marítima Brasileira assim noticiou a cerimônia de inauguração
Foi inaugurado, a 15 de Dezembro, na Praia de Icaraí o monumento do Almirante Ary Parreiras. Enorme massa popular, bem assim representantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica compareceu ao local. O Chefe do governo fluminense, Coronel Hugo Silva, esteve também presente com todo o seu secretariado, bem como o Bispo Diocesano, D. José Pereira Alves.
Inicialmente, falou o Sr. Ernesto Imbassay de Melo, presidente da Comissão promotora da homenagem, que ofereceu o monumento à cidade. Agradecendo, usou então da palavra o Sr. prefeito Castro Guimarães, que disse do seu grande contentamento em falar sobre a forte personalidade do Almirante Ary Parreiras. Traçou o orador um rápido perfil do ilustre morto, dizendo das suas qualidades de cidadão e de administrador. O Sr. Rodolfo Macedo falou, após, em nome da família Ary Parreiras.
Ary Parreiras nasceu em Niterói a 17 de abril de 1893 e aqui faleceu a 9 de julho de 1945. Sobrinho do pintor Antônio Parreiras, era filho de Alfredo Artur da Silva Parreiras, irmão do pintor Edgar Parreiras, da educadora Ayde Parreiras e do desembargador Atayde Parreiras. Fez os estudos primários em escolas públicas e o secundário no Colégio Naval.
Em 1906 ingressou na Escola Naval, saindo guarda-marinha em 1910. Desportista, atuou por essa época como treinador de natação e voleibol do Clube de Regatas Icaraí. Em 1924 participou da tentativa de levante encabeçada pelo Almirante Protógenes Guimarães, sendo preso no quartel da Polícia Militar, no Rio de Janeiro. Em depoimento prestado a 28 de outubro, confirmou sua solidariedade a Protógenes, fato que motivou seu afastamento da Marinha e sua transferência para a Fortaleza de Santa Cruz e depois para a Ilha da Trindade, onde se achavam os tenentes considerados mais perigosos, entre eles Eduardo Gomes.
Vitoriosa a revolução de 1930, foi anistiado e voltou à ativa no posto de capitão-tenente. Integrou ainda o chamado "gabinete negro", formado por oficiais "tenentistas" que se reunia com Vargas logo após a Revolução para discutir o futuro do governo e fiscalizar a implantação das medidas preconizadas por ela.
Foi nomeado interventor federal no Estado do Rio, cargo que assumiu a 15 de dezembro de 1931. Em 1935 manteve neutralidade no pleito para o governo do estado, embora candidato o Almirante Protógenes, seu amigo de longa data. Deixou o cargo a 7 de novembro de 1935.
Com o fim do Estado Novo, seu nome foi cogitado para concorrer à presidência da República, mas recusou a missão, entendendo que o país não estava preparado para a democracia com que sonhava. Pouco depois falecia em Niterói, vitimado por um enfarto aos 52 anos de idade.
No seu enterro, acompanharam seu funeral a pé, uma verdadeira multidão, da rua Lemos Cunha em Icaraí até o cemitério do Maruí, no Barreto. Como mais uma homenagem, a prefeitura de Niterói deu seu nome a uma importante avenida que, depois de ampliada, liga o Canto do Rio, em Icaraí, à rua Mário Viana, em Santa Rosa.
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