Capítulo 15 da Série "A Niterói que eu vi e a que viram meus avós", de Romeu de Seixas Mattos

O terceiro prodígio da nossа incipiente indústria, por mim observado, aconteceu em 1940 ou 1941, na Oficina de Consertos de Hidrômetros do Serviço de Águas da PMN (que eu chefiava), realizado pelos funcionários municipais Armando Mendes de Araújo e Edison Martins, ambos já aposentados, sendo que o Edison formou-se em Direito, aposentando-se como Assessor Jurídico da Câmara Municipal de Niterói, após o término do seu mandato de Vereador.

Chegando ao meu conhecimento a existência, na Garagem do Estado, de uma limousine Jordan - que servira de condução ao Presidente do Estado Dr. Raul Veiga - encostada há muitos anos, embora em bom estado, considerada inutilizada definitivamente, por estar quebrada a coroa do diferencial e não haverem encontrado quem fizesse tal conserto, através de requisição da PMN, consegui que tal automóvel de luxo e de valor histórico, pois servira a um Presidente de Estado, nos fosse dado para que tentássemos consertá-lo, a fim de conseguirmos uma condução rápida para о nosso Serviço de Águas, coisa aliás de grande necessidade, que vínhamos pleiteando de longo tempo, sem o conseguir.

Atendida pelo Estado, com presteza, rapidez e facilidade, a requisição feita pela PMN, foi-nos entregue o carro, sendo então por nós avaliadas as enormes dificuldades que deram causa àquela situação especialíssima.

A coroa partida do diferencial era feita de um bronze fosforoso especial, de extrema dureza, material que não se encontrava à venda no mercado comum.

Para conseguirmos bronze fosforoso igual aquele, tivemos de juntar, com paciência, e derreter a quantidade de que necessitávamos de uns copos já gastos, retirados dos mancais dos motores e bombas elétricas do Serviço de Elevatórias de Esgotos Sanitários de Niterói, material sobressalente que, quando novo, só era fornecido pela Companhia Suiça, única construtora daquelas máquinas.

Removida a dificuldade relativa ao bronze fosfórico, partimos para a solução de outra dificuldade, relativa à mão-de-obra.

Através da amizade pessoal, conseguimos que a fundição da peça fosse feita nas oficinas de 'Lage & Irmãos', sendo para isso indispensável a entrega do respectivo modelo.

Para conseguirmos esse modelo, tivemos de reunir os pedaços da peça quebrada, completar os pontos que faltava e revestir com solda de estanho em toda a superfície com camada de certa espessura, para que o modelo fosse um pouco maior do que a respectiva peça, de forma que compensasse a contração do material depois de resfriado e reconduzido à situação normal.


Publicado originalmente em O Fluminense, em 04 de junho de 1974
Pesquisa e Edição: Alexandre Porto
Imagem de capa meramente ilustrativa


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Publicado em 11/10/2024

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