Capítulo 50 da Série "A Niterói que eu vi e a que viram meus avós", de Romeu de Seixas Mattos

Finalmente, quantos morreram na construção da ponte Rio-Niterói...

No entanto, naquela época e ainda mesmo hoje em dia, os Торógrafos não têm sido enquadrados na situação que merecem.

Em Niterói, uma Lei Provincial de 13 de dezembro de 1836 criou uma escola "d'architetura e d'agrimensão", porém o Decreto n.º 326 de 9 de maio de 1944 mandou extinguir essa escola de "Architetos e Medidores" no fim do ano letivo de 1846.

Sendo assim, durante muito tempo existiam poucas escolas para formação de topógrafos ou agrimensores e a Topografia era estudada nos cursos de Engenharia, de modo que assim desviavam-se para outras partes da Engenharia, mais fáceis e mais rendosas, as preferências dos profissionais, desvalorizando-se a profissão dos topógrafos, tão cheia de sacrifícios.

Nos primeiros tempos os serviços de topografia eram feitos pelos pilotos (ver as demarcações das sesmarias, aqui em Niterói) que desembarcados passaram a localizar posições em terra e mais tarde por pessoas instruídas praticamente para tal mister.

Assim, naquela época, os cargos de topógrafos que exercíamos, tinha simplesmente a designação de "Operadores" e, após a regulamentação da profissão do Engenheiro (Decreto n.º 23.569 de 11/12/1933) passou à respeitável denominação de "Prático de Engenharia".

Não podendo os topógrafos (eu e meus colegas) trabalhar no campo em dias de chuva, nem por isso descansávamos porque, por ordem do Dr. Villanova Machado, tínhamos de permanecer no escritório do Distrito Sul para calcular cadernetas, coordenadas, compensar trianguladas, traduzir catálogos e ferramentas ou então fazer testes para graduar as rolhas hidráulicas das campânulas dos tanques fluxíveis e isso nos impedia de "paquerar" o bonde da Escola Normal, que trazia nossas namoradas, resultando disso uma certa queixa que tínhamos do Dr. Villanova.

Eu não tinha namorada fixa, "flertava" ocasionalmente, nos bailes, nas igrejas e na "paquera" do famoso bonde da Escola Normal (ainda puxado a burros) que trafegava entre a "Ponte Central" e a sede da escola, onde atualmente está a Escola "Aurelino Leal", com alguma garota que me desse atenção, suportando com serenidade as exigências do Dr. Villanova, por isso, mas ao meu falecido amigo Kastrup - que namorava firme uma normalista que, em virtude da oposição materna, somente dispunha dos encontros fortuitos na hora do bonde - os rigores do Dr. Villanova ocasionavam sérias dificuldades. Mas foi para atender conveniências de sua família que o meu amigo deixou, em 1914, o serviço da PMN.


Publicado originalmente em O Fluminense, em 5 de outubro de 1975
Pesquisa e Edição: Alexandre Porto
Na imagem de capa, O Palacete do Barão de São Gonçalo, no Ingá, onde funcionou a Escola Normal


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Publicado em 12/11/2024

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