Com a finalidade de estimular as atividades culturais, bem como preservar os fatos históricos fluminenses, foi inaugurado ontem, 23 de abril de 1977, às pelo Governador Faria Lima, o Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro, instalado no Palácio Nilo Peçanha, no Ingá.
Após o descerramento da placa que marcou a inauguração da instituição,
Leonídio Ribeiro Filho, presidente da Fundação Estadual de Museus do Rio de Janeiro (Femurj), falou da importância da Casa.
O novo Museu, que será dirigido por
Emmanuel Bragança de Macedo Soares, foi criado, conforme enfatizou o diretor, com finalidades dinâmicas e de atualização cultural e não apenas como depósito estático de coisas velhas e mortas. Por isso mesmo, ele contará com a maior oficina de gravura da América do Sul, que foi visitada durante a inauguração, e estará aberta ao público quase que ininterruptamente. Ocupando um salão com 200 m2 e sob a orientação da gravadora
Anna Letycia Quadros, a oficina dispõe de prensas, fornos, exaustores, pias e biblioteca para cursos de impressão em metal e, mais tarde, em madeira e pedra.
Do térreo ao porão, o governador, toda a sua comitiva, o prefeito de Niterói Wellington Moreira Franco, e demais convidados visitaram todas as dependências do Museu, que durante muitos anos foi sede do Governo do antigo Estado do Rio de Janeiro. Todo o seu acervo foi admirado durante horas, assim como também mereceu grande atenção dos visitantes a arquitetura do prédio que abriga a nova casa de cultura.
Decreto de criação
O Decreto-Lei nº 126, de 9 de junho de 1975, transformou em museu o antigo
Palácio Nilo Peçanha, nome dado em 1967 por sugestão do Deputado João Rodrigues de Oliveira. Desde então os arquitetos
Plínio Coelho e
Ítalo Campofiorito trabalharam em sua adaptação para as novas finalidades. A distribuição do acervo, em ordem cronológica, vai criando um clima crescente de curiosidade nos visitantes.
No hall, por exemplo, existe um canhão do antigo Forte de São José do Registro do Carmo, em Angra dos Reis, enquanto no 1º andar está instalada a biblioteca, que possui documentos administrativos da História do Estado e outras obras raras, além do centro de estudos especializados em História Fluminense e Folclore; ainda no 1º andar existe um grande salão destinado a recitais e outras apresentações. No porão está instalada a oficina de gravura.
No 2º andar os presentes à inauguração do museu puderam acompanhar os diversos ambientes originais do antigo Palácio do Ingá, além de outros salões que guardam peças de louças, outros objetos e adornos do tempo do Império. Também foi apreciada, na sala de mostras temporárias, a Coleção Alberto Lamego, datada dos séculos XVI e XII, adquirida em 1950 pelo então Governador Edmundo de Macedo Soares por dois contos de réis.
Uma galeria de retratos oficiais dos antigos Governadores do Estado, uma coleção de leques da família Pereira Passos e o Salão Nobre ou Sala Dourada - onde está reproduzida a sala de recepções do antigo Palácio - também puderam ser vistos por Faria Lima e toda a sua comitiva. Receberam grande atenção os documentos da fusão dos antigos estados do Rio de Janeiro e Guanabara, que estão expostos no hall do 1º andar.
Na Sala 3 ficarão exemplares de jornais do século passado, dentre eles "Sentinela da Monarquia", "O Charivary Nacional", "Correio da Tarde" e "O Liberal", além do prelo que imprimiu o primeiro jornal de Angra dos Reis, em 1860.
Nos fundos do prédio funcionará uma oficina de restauração e depósito. No prédio anexo funcionará, além do Museu de Artes e Tradições Populares, este já instalado, o Centro do Produto Artesanal, para venda direta ao público de obras de artes de fluminenses. E no 2.º andar, um restaurante à beira da piscina, com entrada independente.
As primeiras doações ao Museu Histórico do Estado foram feitas por Antônio Fernando de Bulhões Carvalho, Paulo Affonso de Carvalho Machado, Marina Ribeiro, Clotilde de Carvalho Machado, Maria Luísa Ribeiro e Gilda Carneiro de Mendonça.
Documentação
Durante a inauguração foi lembrado que será criado no Museu do Ingá um Centro de Documentação do Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de estimular o estudo da História do Estado através de debates, conferências, concursos e outras atividades. Isso, além do Centro do Produto Artesanal que venderá obras de artesãos fluminenses e um restaurante que será instalado à orla da piscina.
Além de Faria Lima, estiveram presentes à inauguração os seguintes Secretários de Estado:
Myrtes De Luca Wenzel, da Educação;
Baltazar da Silveira, de Governo;
Laudo Camargo, da Justiça;
Marcel Hasslocher, de Comércio, Indústria e Turismo; e
Ilmar Penna Marinho, de Administração. Também compareceram o Prefeito
Moreira Franco e vários membros de seu secretariado; o Procurador-Geral do Estado
Roberto Paraíso Rocha;
Dom Pedro de Orleans e Bragança; o Marechal
Paulo Torres;
Adolph Block, presidente da Funterj; Leonídio Ribeiro Filho, Aluísio de Paula e Neusa Fernandes, da Femurj; o ex-Prefeito de Niterói,
Ronaldo Fabrício; o escritor
José Cândido de Carvalho; além de outras autoridades e convidados como,
Lyad de Almeida, Presidente da Academia Fluminense de Letras;
Albertina Fortuna, que também já exerceu aquele cargo; o poeta
José Naegele; o médico
Waldenir de Bragança; os deputados
Saramago Pinheiro,
Flávio Palmier da Veiga e
Astor Melo.
O Prédio
O prédio nº 78 da Rua Presidente Pedreira foi construída para ser residência do médico e político José Martins Rocha. Após sua morte em 1896, a casa foi vendida a José Francisco Corrêa,
Visconde de Sande, português radicado no Brasil. Foi adquirido em 1903 pelo então Presidente da Província Nilo Peçanha, por 100 contos de réis, e adaptado para sede do Governo. Recebeu na época, a primeira instalação de luz elétrica da cidade. Sede do Governo fluminense durante 70 anos, o Palácio abrigou muitos governantes do antigo Rio de Janeiro. Dali saiu o enterro do Governador Roberto Silveira, morto em desastre de helicóptero durante o mandato.
Leia mais:
O Museu do Ingá na página do Depac
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